CRÔNICA HISTÓRICA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO:

Matança no Fórum de Passos – Parte 2

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Acidente | 30-06-2017 09:06 | 3185
Foto: Reprodução

Nos anos seguintes que sucederam ao episódio das mortes dos coroneis Neca Medeiros e Juca Miranda, ocorridas no dia 26 de setembro de 1909, na cidade mineira de Passos, a história foi sendo desvelada, pouco a pouco. As paixões políticas apareceram como sendo as motivações mais expressivas. O delegado Isidoro Correia de Lima chegou à cidade, com um plano premeditado para fazer um acerto de contas com os cidadãos vinculados ao então chamado Partido Lavourista. Uma legenda criada no final do século XIX, em outras cidades, cujo diretório passense foi organizado nos anos 1901 – 1903, com o lançamento do jornal Commercio e Lavoura. 
Essa agremiação estava em franca expansão na época considerada, com forte concentração no Triângulo Mineiro, em oposição ao lendário Partido Republicano Mineiro (PRM), que elegeu todos os presidentes do Estado de Minas, nas primeiras décadas do século XX. O mesmo PRM dividiu com os republicanos paulistas o comando da política do café-com-leite, esquema montado para se alternarem na Presidência da República, durante as três décadas que precederam a Revolução de 1930.
Um dos mentores da organização do Partido Lavourista em Passos, MG, legenda oposicionista em relação ao Partido Republicano Mineiro, foi o escritor e combativo jornalista Antônio Celestino, cujo nome está na imprensa nacional como intelectual brilhante e defensor de ideias separatistas do sudoeste mineiro. Natural de um povoado do município de Cássia, também no sudoeste mineiro, ainda menino foi morar em Passos, onde estudou as primeiras letras e parte do secundário. Passou alguns anos no Rio de Janeiro, onde trabalhou em jornais de grande circulação. Desde jovem demonstrou grande facilidade em escrever e discursar, sempre se destacando por sua inteligência brilhante e ampla cultura humanista, literária e jurista. Nos documentos analisados consta ainda que Antônio Celestino atuou como advogado na comarca de Passos.
Antônio Celestino é autor do romance realista “O Padre Eusébio”, cuja 2ª edição foi publicada pela editora dirigida por Monteiro Lobato, em 1923, que lhe conferiu certa notoriedade na crítica literária nacional. Logo no início da primeira década do século XX, Antônio Celestino assumiu a direção do jornal “Commercio e Lavoura”, lançado em 28 de junho de 1901, pertencente à empresa Miranda e Companhia. Esse periódico divulgava as ideias defendidas pelo Partido Lavourista, organizado em Passos no mesmo ano de lançamento do jornal. Mas, logo após o episódio de violência, o combativo jornalista foi aconselhado a deixar a cidade, o mais rápido possível, antes que houvesse outra reinvestida como os mentores a legenda lavourista na região.