O jornalista Ralph Diniz, de 31anos, é um profissional inquieto que encontrou no jornalismo a paixão de sua vida. Torcedor fanático do São Paulo Futebol Clube, foi em uma revista comemorativa da Placar do título mundial do seu clube, em 1992, que ele cultivou o sonho de ser jornalista até resgatar esse objetivo ao se mudar para São Sebastião do Paraíso e começar a trabalhar na área. Ralph é casado com a professora Miriam Diniz, a quem ele lembra a todo o momento que é a mulher de sua vida. Dessa relação nasceu o pequeno Raphael, de um ano. Filho da dona Maria Aparecida Santos Diniz, e do senhor João Rocha Diniz Filho, já falecido, Ralph é natural de São José dos Campos (SP), mas foi em Paraibuna, terra onde vive toda a sua família, onde foi criado até se mudar para Paraíso.
Jornal do Sudoeste: Como é a terra onde você foi criado?
Ralph Diniz: Eu nasci em São José dos Campos, mas fui criado em Paraibuna, uma cidade que fica a trinta quilômetros de onde eu nasci, minha família é toda de lá. Deixei Paraibuna quando tinha 23 anos. É uma cidade do interior, com 16 mil habitantes. Parece até cidade de novela, muito pacata e tranquila. Minha infância foi aquela infância de interior mesmo: brincar na rua e de fazer essas molecagens de meninos da roça. Ainda tenho muito amigos lá e ainda mantenho uma ligação muito forte com Paraibuna.
Jornal do Sudoeste: Qual foi o seu primeiro emprego antes de se tornar jornalista?
Ralph Diniz: Meu pai era comerciante, ele teve restaurante no mercado municipal e depois comprou um açougue, onde foi meu primeiro emprego; com 10 anos eu já ajudava ele. Eu lembro que ele havia me dado uma máquina de sorvete quente e disse pra eu trabalhar, eu tinha 11 para 12 anos. Nessa época eu já ganhava meu próprio dinheiro, ajudava na energia que eu usava no açougue e isso me ensinou muita coisa. Na época eu não gostava muito, porque eu queria jogar bola, brincar, enfim, mas não era nada exploratório. Eu trabalhei com ele até ele fechar o açougue, pouco tempo depois ele faleceu, em 2003, e pouco antes dele falecer eu comecei a trabalhar num supermercado de empacotador, onde fiquei cerca de quatro anos. Depois trabalhei numa cachaçaria de um tio, fui recenseador do IBGE. Fiz muita coisa na época em que morei em Paraibuna.
Jornal do Sudoeste: Você chegou a fazer outra faculdade antes de se formar em Jornalismo?
Ralph Diniz: Sim. Eu fiz um ano e meio de faculdade de Geografia na Universidade do Vale da Paraíba (UNIVAP), em São José dos Campos. Mas quando cheguei na metade do curso, vi que não era aquilo que eu queria e tranquei a matrícula. Comecei a estudar geografia porque tinha uma professora na área que eu gostava muito e o que eu queria realmente fazer não tinha condições financeiras, que era Jornalismo.
Jornal do Sudoeste: Por que o Jornalismo?
Ralph Diniz: Sempre quis jornalismo, e minha história com a profissão começa em dezembro 1992, quando ainda estava aprendendo a ler. Sempre gostei muito de futebol e lembro que o São Paulo, o meu time, tinha sido campeão mundial naquela época e a revista Placar lançou uma edição comemorativa do título e convenci minha mãe a me dar essa revista. Eu praticamente aprendi a ler com essa Placar e me encantei tanto com aquilo que eu queria viver aquilo. Minha decisão de se tornar jornalista foi aos seis anos de idade e eu sempre tive esse sonho, demorou um pouco para acontecer, mas esse sonho nunca morreu dentro de mim.
Jornal do Sudoeste: E quando esse sonho voltou?
Ralph Diniz: Esse sonho voltou à tona quando vim para São Sebastião do Paraíso, em 2009. Chegou um momento da minha vida lá em Paraibuna que a cidade já havia ficado pequena para mim; ou expandia meus horizontes ou eu morria lá. Eu tinha a necessidade de sair e de explorar o mundo. Na época eu descobri que tinha familiares aqui em São Sebastião do Paraíso, meu pai biológico é daqui. Então vim para cá visitar e depois de um tempo voltei para ficar por um período e acabei ficando de vez. Meu primeiro emprego aqui foi numa empresa de móveis industriais. Mas fazendo amizades, conheci o Osmir da NetSpeed, em um curso que eu fiz e ele me indicou para o Alessandro Morandini que estava reabrindo a TV Paraíso e a Rádio Ouro Verde, isso no começo de 2010.
Jornal do Sudoeste: E como foi essa fase?
Ralph Diniz: Na TV, sem experiência nenhuma, eu fui produtor de programa, diretor de programação – isso tudo num período de quatro a cinco meses. Eu cuidava da agenda dos programas, todas as pautas passavam pra mim, eu que assistia aos programas antes de ir ao ar, foi uma experiência muito bacana. É uma fase que eu sinto muita saudade, mas na época a TV passava por problemas financeiros e acabou fechando.
Jornal do Sudoeste: Foi nessa época que o Jornal do Sudoeste entrou na sua vida?
Ralph Diniz: Sim. O Marquinho Ribeiro, que trabalhava na comunicação da Prefeitura e frequentava a mesma igreja que eu, ligou para o Nelson Duarte, proprietário do Jornal do Sudoeste, e me indicou. Eu não queria sair dessa área, meu sonho estava começando a se realizar. Eu lembro quando eu cheguei ao Jornal, em agosto de 2010, estava muito frio e um cheiro muito bom de café, é uma memória muito boa que eu tenho. Eu mostrei um texto que tinha feito (da época que eu escrevia sobre futebol), ele gostou e disse que se eu quisesse eu poderia começar no dia seguinte. A primeira matéria que eu fiz foi sobre pavimentação e meu primeiro entrevistado foi o secretário de Obras, o José Cintra, atual secretário no município. Assim começou, fiquei quase cinco anos.
Jornal do Sudoeste: Você vivenciou uma fase importante na política paraisense.
Ralph Diniz: Quando eu entrei para o Jornal, Paraíso vivia um momento político muito bom, em termos de prefeitura. O prefeito a época era o Mauro Zanin, e a cidade vivia um momento de estabilidade. Houve uma mudança de prefeito e aconteceu um baque muito grande e a liberdade que eu tinha para escrever sobre a política local acabou sendo prejudicada. Antes você tinha uma matéria negativa, mas eles te tratavam de forma respeitosa, e na transição começamos a receber retaliações políticas. Eu me lembro de uma vez que a assessoria jurídica da época ligou me ameaçando por causa de uma matéria que eu fiz que envolvia Prefeitura e Santa Casa. A assessoria exigiu que eu me retratasse, eu não o fiz isso, porque nós estávamos reportando um fato. Foi a primeira tentativa de censura que eu sofri, mas felizmente eu tive apoio do Nelson e passamos por isso.
Jornal do Sudoeste: Há alguma matéria que tenha te marcado na sua passagem pelo Jornal?
Ralph Diniz: Sempre gostei muito de retratar histórias de pessoas e personalidade de Paraíso que poucas pessoas conheciam e que eu mesmo não conhecia, mas quando ia para fazer a entrevista, gostava tanto que davam matérias muito boas, entre elas a do senhor Guerino Paschoini, que já faleceu; ele foi perseguido e preso na ditadura militar pelo D.O.P.S. - Enfim, são várias histórias, mas tem dois momentos que eu guardo com muito carinho, o primeiro é a Copa América que eu fiz a cobertura e o segundo a cobertura das eleições de 2014, o debate entre Dilma Rousseff e Aécio Neves a convite do SBT. Foram dois momentos importantes da minha carreira. Somente no Jornal do Sudoeste eu tenho mais de duas mil matérias publicadas.
Jornal do Sudoeste: Você sempre cita com muito carinho sua passagem pelo Jornal...
Ralph Diniz: Quando comecei, eu só tinha um sapato para usar e por causa dessas andanças do Jornal, ele acabou furando; não tinha dinheiro para comprar outro. Certo dia eu cheguei ao Nelson e pedi um vale, estava muito sem graça porque fazia pouco tempo que eu trabalhava aqui, mas ele me arrumou o dinheiro para eu comprar esse sapato e não descontou do meu salário, ele me deu o sapato de presente. Pode parecer uma bobeira, mas esse gesto fez com que eu valorizasse muito meu trabalho aqui. Essa questão do sapato fez que minha relação com o Jornal do Sudoeste e meu carinho pelo Nelson, que inclusive é meu padrinho de casamento, fosse mais que uma relação de trabalho, o Jornal se tornou uma extensão da minha vida; o Nelson era muito mais que um patrão, ele passou a ser um pai, por conta do dia que eu precisei de um sapato.
Jornal do Sudoeste: Foi no Jornal que você decidiu se profissionalizar e buscar uma formação?
Ralph Diniz: Sim. Eu comecei minha faculdade de jornalismo na Universidade de Franca, em 2011. Trabalhava aqui e ia para a faculdade à noite. Isso foi muito bom, porque na faculdade tive toda a parte teórica, mas aqui eu tive a oportunidade de aprender o jornalismo de verdade; a minha maior escola de jornalismo foi o Jornal do Sudoeste. Se não fosse o Jornal, eu não seria o profissional que eu sou hoje e o Sudoeste é a grande base da minha carreira. Eu também fui editor-chefe de uma revista de energia em Ribeirão Preto e foi uma fase muito boa também. Depois comecei a trabalhar com o pastor Antônio Junior, que é bem conhecido nas redes sociais e tem milhares de seguidores no Facebook e Youtube; trabalhei na edição de três livros lançados por ele e atualmente trabalho como freelancer.
Jornal do Sudoeste: Você também se casou...
Ralph Diniz: Sim. Nesse período que eu entrei no Jornal eu conheci a Miriam e nos casamos em dezembro de 2011. Foi uma fase muito tumultuada, entre casamento, faculdade, trabalho, mas foi uma fase gostosa que eu sinto saudade. A Miriam é a mulher da minha vida e sempre esteve do meu lado nos momentos mais importantes, já temos cinco anos e meio de casados e estamos felizes. Durante todo esse tempo de casados a Miriam foi a minha grande companheira, nos momentos difíceis, de conquistas, sempre esteve ao meu lado.
Jornal do Sudoeste: Dessa relação nasceu o Raphael. O que mudou com a paternidade?
Ralph Diniz: O Raphael veio na hora certa, é o complemento da nossa alegria. Ser pai é muito legal e é engraçado porque o Raphael resgatou em mim um menino que estava guardado. Nós brincamos muito e eu falo que ele é meu melhor amigo. Ser pai é um aprendizado diário; dizem que a maternidade muda muito, mas a paternidade também muda, mas diferente da maternidade que começa quando a mulher descobre que está grávida, a paternidade surge no homem quando a criança nasce: é o primeiro choro, a primeira fralda que tem que trocar, o primeiro dia na escola, o tombo que ele levou... cada nova descoberta dele é uma nova descoberta minha como pai. Eu tento ser muito paizão porque eu tive um paizão.
Jornal do Sudoeste: Qual o balanço que você faz desses 31 anos e sua expectativa para futuro?
Ralph Diniz: Eu diria que foi muito melhor que poderia imaginar. Houve muitas idas e vindas, zonas de turbulência, mas eu aprendi que o que forja o caráter do homem, são os obstáculos que ele encara e consegue vencer. E eu sou o que sou hoje por tudo isso que eu vivi, tanto as coisas ruins quanto as boas. Eu ainda sou um homem, um pai, um cristão e um cidadão em formação e não atingi ainda o que eu pretendo. Nesses 31 anos eu nunca me acomodei e nunca achei que estava bom. E o futuro, o que eu espero é ver meu filho bem, minha esposa bem, e ter forças para cuidar da minha família.