O maçom Cláudio Pessoni, recém-eleito ao cargo de venerável na tradicional Loja Maçônica Fraternidade Universal, que acaba de completar 119 anos de fundação em São Sebastião do Paraíso, é uma pessoa simples e que tem uma maneira tranquila de levar a vida. Trabalhador, arriscou-se no ramo de casa de carnes ainda muito jovens, aos 20 anos, e precisou ser emancipado para montar seu próprio negócio, o qual manteve até poucos anos atrás. Filho de Lázaro Pimenta de Pádua e da dona Tereza Pessoni de Pádua, de 91 anos, é casado com a professora Leila Sepúlvida Pessoni e pai da jovem Sarah Sepúlvida Pessoni, de 22 anos, recém formada em odontologia. Aos 50 anos, dedica-se integralmente à Loja Maçônica.
Jornal do Sudoeste: Você é de uma família muito grande...
Cláudio Pessoni: Sim. Minha família é muito numerosa, eu sou o nono de 10 filhos. Meu pai se chamava Lázaro Pimenta de Pádua, que foi industrial e tinha uma fábrica de farinha aqui no município na década de 60 e 70 e minha mãe se chama Tereza Pessoni de Pádua, que tem 91 anos. Tive uma infância muito saudável e feliz; éramos e somos até hoje uma família muito unida. Meus irmãos se chamam João, que é o mais velho, a Aparecida, Ilda, Luiz, a Terezinha (que faleceu recentemente), a Zilda, o Jarbas, Claudete, eu e o José Carlos. A família é bem numerosa, meu irmão mais velho tem 74 anos, e quando nasci muitos deles já tinham se casado, inclusive tenho sobrinhos que são mais velhos que eu.
Jornal do Sudoeste: Como foi sua formação acadêmica?
Cláudio Pessoni: A minha escola primária fiz com a Neusa Amaral no Chapeuzinho Vermelho. Estudei no Coronel José Cândido, depois no Paraisense de amanhã, posteriormente fiz um curso de contabilidade na famosa “Escola do Padre”, e, após isso em 1986 ingressei na antiga Face ac, onde me formei em 1989. Sou bacharel em Ciências Contábeis. Foi muito boa essa formação porque me deu uma base muito boa para o meu dia a dia.
Jornal do Sudoeste: Há alguma memória que você guarda dessa época?
Cláudio Pessoni: Na minha infância, eu sempre fui muito tranquilo. Eu tenho muita saudade daquela época da escola que dava uma formação cidadã muito boa para os alunos em relação ao patriotismo; geralmente fazíamos uma oração no pátio e cantávamos o hino nacional. A escola era muito diferente do que é hoje, e havia um respeito e um carinho muito grande pelos nossos professores, como temos até hoje.
Jornal do Sudoeste: Como foi sua incursão no ramo de casa de carnes?
Cláudio Pessoni: Eu inicie minha vida profissional trabalhando nesse ramo aos 12 anos. O tempo foi passando e quando eu estava para completar 21 anos, minha mãe precisou me emancipar porque eu montei meu próprio negócio. Eu trabalhei com isso até há cerca de três anos, quando decidi parar; é um trabalho muito desgastante que exige muito do empresário. Somos muitos sobretaxados com impostos, além da questão da insegurança.
Jornal do Sudoeste: Foi uma fase difícil?
Cláudio Pessoni: Todo o início é muito difícil, mas graças a Deus, e com a ajuda da família e amigos, no decorrer desse tempo pude oferecer um serviço de qualidade para os clientes e tive uma boa clientela. Tudo o que eu tenho, eu agradeço a Deus, primeiramente, e aos meus clientes, que me acompanharam por praticamente quase quatro décadas. Eu tinha 20 anos e era bem melhor que hoje, não havia tanta corrupção. Hoje, com o desemprego em alta, dificulta muito o dia a dia dos comerciantes, além da carga tributária. Infelizmente, eu perdi meu pai assim que eu estava para completar meus 20 anos e posso dizer que minha mãe, que é uma pessoa simples e de origem simples, cursou a faculdade da vida. Ela sempre foi muito guerreira e nos ensinou o caminho do bem, das boas maneiras e dos bons hábitos. Para ela foi muito difícil passar por isso, mas tinha os seus filhos.
Jornal do Sudoeste: Fale sobre sua família.
Cláudio Pessoni: Eu sou casado há 25 anos com a Leila Sepulvida Pessoni, que é professora e tenho uma filha, a Sarah Sepúlvida Pessoni, de 22 anos, que recentemente se formou em odontologia. Mora e trabalha em Indaiatuba (SP), próximo a Campinas. Ela mora longe, mas hoje com os meios de comunicação, facilita muito. No entanto, falta aquele calor humano. Sou coruja, mas qual pai que não quer ver o bem estar do filho ?
Jornal do Sudoeste: Como você ingressou na Loja Maçônica Fraternidade Universal?
Cláudio Pessoni: Meu irmão Luiz Pimenta Pessoni era maçom e me fez o convite para ingressar à irmandade maçônica. A princípio eu achava que não me adaptaria bem, posteriormente o senhor Amadeu Jesus Coelho e o Toninho Vicente, da Telefoto também me convidaram; foi onde me despertou o interesse em participar da maçonaria, e meu sogro também fez parte da Fraternidade Universal, e eu fui iniciado em 2000. Ocupei diversos cargos, tanto na Loja Simbólica, quanto na Loja Filosófica e, agora, recentemente, os irmãos me confiaram a oportunidade de estar administrando os trabalhos nesse biênio. É uma tarefa que eu não digo que é árdua, mas é de muita responsabilidade porque nesta casa passaram pela cadeira de Salomão grandes personalidades da nossa cidade. Nossa loja é uma loja de tradição, que completa no próximo ano 120 anos, é uma das mais antigas da região.
Jornal do Sudoeste: O que representa a maçonaria?
Cláudio Pessoni: A maçonaria é uma instituição que procura melhorar o homem para o homem melhorar o meio. Muitas das instituições que nós temos aqui na cidade foram a princípio criadas pelos irmãos ma-çons. Com o passar do tempo, quando a instituição já está caminhando com as próprias pernas nós entregamos para a sociedade dar continuidade, como foi feito com o Hospital Gedor Silveira, com a Faceac, com a Apae e tantas outras instituições.
Jornal do Sudoeste: O que é ser um venerável dentro da loja maçônica?
Cláudio Pessoni: O venerável é aquele que conduz os trabalhos no dia a dia e é ele quem preside a sessão. É um cargo de responsabilidade, mas temos o privilégio de ter grandes irmãos e há uma harmonia muito grande entre nós. Somos muito bem assessorados e cada um tem a sua função pré-determinada, o que facilita o venerável a dirigir os trabalhos da Loja. O venerável é eleito pela maioria, nós temos a tradição de ter uma só chapa com uma indicação para concorrer. Os irmãos se reúnem, trocam ideias e elegem um nome que julgam ser o mais interessante no momento para ser indicado.
Jornal do Sudoeste: E como foi receber essa indicação?
Cláudio Pessoni: Foi um orgulho muito grande para nós, tendo em vista que por aqui só passaram grandes nomes e personalidades na direção dos trabalhos. O meu antecessor, Luiz Alberto Pimenta, deixou nossa instituição muito bem organizada e estará ao meu lado me assessorando e me orientando. Nós temos uma certa tranquili-dade. Eu estou na Ordem há 17 anos, ocupando outras funções, tudo isso serviu para me proporcionar um equilíbrio e me dar uma base para ocupar esse cargo.
Jornal do Sudoeste: E qual o balanço que você faz hoje desses 50 anos e o que esperar para futuro?
Cláudio Pessoni: Se eu fizer um balanço da minha vida, eu acho que tudo valeu a pena, tendo em vista que hoje estamos com saúde, tive a oportunidade de formar minha filha, tenho uma família muito unida e uma excelente esposa. E o futuro só a Deus pertence, mas pretendo fazer uma viagem em breve e descansar.