AGRONEGÓCIOS

Mineira cria negócio de café junto com pequenos produtores

Juliana Ganan é a fundadora da Bica, empresa de grãos especiais localizada em Itajubá, no sul de Minas Gerais
Por: Redação | Categoria: Agricultura | 08-07-2017 10:07 | 1761
Foto: Reprodução

A cultura do café já estava no sangue de Juliana Ganan, 35, ainda antes de nascer. Natural de Itajubá (MG), município localizado na região da Serra da Mantiqueira, a mineira cresceu em meio à produção do grão que seu pai plantava como commodity para o sustento da família. Porém, Juliana só viria a descobrir que seu destino estava fincado nas terras do campo, assim como seu progenitor, anos mais tarde, em 2016, quando fundou sua empresa de torrefação, a Bica - Torradores de Café.
Com apenas mais um funcionário, a Bica é uma empresa que estabelece um contato bastante pessoal com seus fornecedores:
"Visitamos pessoalmente as fazendas de pequenos produtores de café da região do sul de Minas e garimpamos os melhores grãos. Após a compra do produto, torramos, dispomos em saquinhos e colocamos à venda em nosso site para pessoas físicas ou para cafeterias, empórios e restaurantes."
Antes de criar seu negócio, Juliana tentou seguir outros rumos: mudou-se para Campinas (SP) para cursar engenharia agrícola e trabalhou em uma multinacional. Foi durante um projeto social que fazia na Turquia que teve um "estalo" para o empreendedorismo. "Senti que não estava fazendo o que deveria e quis me voltar para as áreas sociais. Então parti para Nova York, nos Estados Unidos, e fiz um mestrado em políticas públicas agrícolas focadas em produtores de pequeno e médio porte na América Latina", conta a mineira.
Durante a estada na cidade norte-americana, enquanto visitava uma cafeteria, Juliana viu a história de um amigo de seu pai que plantava café estampando uma embalagem do produto. "Logo pensei: como essas pessoas produzem um café de tanta qualidade e eu, quando estava no Brasil, nem sabia?".
Foi assim que a vontade de retornar ao campo começou a irromper e crescer em Juliana, que foi fazer alguns cursos de torra de café, de prova do grão e até voluntariados em cafeteria europeias. Em 2015, ela pediu demissão do banco que trabalhava na época, em Washington, também nos EUA, e retornou para o interior de Minas.
Com um investimento inicial de cerca de R$ 100 mil, a empreendedora adquiriu uma máquina de torra alemã e se instalou na área em que seu pai costumava exercer seu ofício.
Quando chegou a hora de procurar os grãos especiais para seu negócio, Juliana não teve dificuldades: recorreu aos antigos amigos e colegas de seu pai. Hoje, a Bica compra grãos de 7 pequenos produtores, respeitando a sazonalidade dos produtos e também a especificidade de torra de cada um.
A Bica só trabalha com cafés especiais, ou seja, grãos que têm uma pontuação acima de 80 na escala da SCAA (Specialty Coffee Association of America). Por isso, os produtos oferecidos têm uma doçura natural e não deixam amargor na boca após o consumo, de acordo com a empreendedora.
Depois de torrado e embalado, o produto é colocado em embalagens de 250g (preço médio de R$ 25) ou 500g (preço médio de R$ 50) e disponibilizado para venda no site da empresa. Atualmente, a marca tem mercado em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, estado em que concentra 80% das vendas. No ano passado, a Bica vendeu 1 saca (60 kg) de café por mês.
Cada saquinho de café traz o nome da fazenda, a assinatura do proprietário e uma etiqueta com a procedência e características do grão, justamente para mostrar a identidade de cada produtor. Agora, o objetivo de Juliana é alcançar novas clientes ao redor do país. "Além de isso trazer mais recursos financeiros para a Bica, ampliamos a rede nacional de pessoas que se importam com o sabor e a cara que cada grão de café tem."
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