FALÊNCIA

Decretada a falência do Grupo Infinity controlador da Usina Cepar de Paraíso

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Agricultura | 19-07-2017 10:07 | 3780
Várias usinas do grupo Infinity deixaram de funcionar nos últimos anos
Várias usinas do grupo Infinity deixaram de funcionar nos últimos anos Foto: Divulgação

A Justiça de São Paulo decretou a falência do grupo sucroalcooleiro Infinity Bio Energy, do empresário Natalino Bertin, condenado por lavagem de dinheiro pela Lava Jato. Uma das usinas que pertenciam à companhia era a Cepar (Central Energética Paraíso) que possuía instalações em São Sebastião do Paraíso. Durante a tentativa de recuperação judicial, a unidade passou a ser controlada por credoras que anunciaram um plano de reestruturação, mas que não chegou a ser viabilizado.
A usina de álcool funcionou na cidade no período entre 2008 e 2011. Quando encerrou suas atividades em 18 de julho, cerca de 800 trabalhadores trabalhavam na empresa em várias frentes de atuação como colheita de cana, transporte e funcionários na usina e escritório. Conforme informações da assessoria da empresa, na época, os trabalhos foram paralisados por causa da falta de matéria-prima. 
Segundo informações, a empresa abriu mão da planta sul-mato-grossense como estratégia para reduzir o montante de dívidas, que na época girava em torno de R$ 2 bilhões. Os gestores fizeram o mesmo com a baiana Ibirálcool. Dessa forma, os débitos caíram pela metade, mas nem assim a companhia foi capaz de quitá-los. Fora do controle dos Bertin, chegou a ser anunciada a reabertura da unidade em Naviraí (MS). A indústria fez o arrendamento das áreas de produtores e existe ainda hoje uma equipe de manutenção trabalhando, mas a atividade ainda não foi retomada, como havia sido anunciado.
Fundada em 2006, com objetivo de competir de igual para igual com as gigantes do setor sucroalcooleiro, que, àquela época, viviam a euforia do "boom" do consumo de etanol, a companhia não resistiu à crise e entrou em recuperação judicial em maio de 2009. Com uma dívida de cerca de R$ 1,5 bilhão (exceto tributária), o grupo foi minguando aos poucos e das seis unidades, somente uma segue em operação. O grupo Infinity BioEnergy, que chegou a faturar R$ 600 milhões na safra 2011/12 e ter seis usinas de etanol em operação, corre contra o relógio para garantir sua sobrevivência. Após chegar quase à falência no ano passado, os acionistas controladores da companhia começaram a estruturar um novo plano de recuperação com seus credores para retomar suas operações que acabou não sendo viabilizado. 
Em agosto do ano passado, após sucessivas renegociações com credores e risco de quebrar de vez, o acionista controlador do grupo, a Tinto Holding, que tem entre os seus sócios o empresário Natalino Bertin contratou a consultoria Exame Partners para fazer um novo rearranjo na companhia. Houve a tentativa de implantação de um novo plano que, se aprovado, poderia fazer a companhia retomar, aos poucos, suas atividades ainda que em menor escala.
Se fosse homologado o plano, os atuais controladores tentariam viabilizar a retomada das operações das duas usinas sob gestão, sendo a Cridasa e Cepar de Paraíso. As outras duas unidades (Disa e Alcana) poderiam ser vendidas e, os recursos obtidos, seriam distribuídos aos credores na proporção da dívida de cada um, ou mantidas, se for o caso.
Durante a recuperação judicial permaneceram sob o controle do grupo quatro fábricas, que também deixaram de operar e gerar receitas. A empresa manteve apenas seguranças para evitar danos às estruturas do local. Dessas, três também deveriam ter sido vendidas: a Alcana, localizada em Nanuque (MG); a Disa, em Conceição da Barra (ES); e a Cridasa, em Pedro Canário (ES).
Contudo, os credores não retiraram o gravame da alienação fiduciária, travando o processo de transferência. Somente com o leilão da Disa, a empresa pretendia obter R$ 30 milhões para quitar dívidas trabalhistas. Com as demais seria possível pagar os demais débitos, mas sem recursos, acabaram vencendo os prazos. O plano previa que os Bertin ficariam com a usina Cepar, em São Sebastião do Paraíso (MG), e com os canaviais da Cridasa, para manter as atividades econômicas, mas ela também deixou de operar.
Questionada pelo juiz da Vara de Falências paulista, a empresa afirmou que não teria recursos e que a única forma de efetuar os pagamentos seria alienando as usinas. Cabe recurso à decisão que decretou a falência. As unidades que ainda pertenciam ao grupo, como a Cepar em Paraíso farão parte de uma massa falida que será a administrada por uma empresa chamada Deloitte.