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LUCIANO GENARI: Um profissional dedicado em servir ao próximo

Por: João Oliveira | Categoria: Entretenimento | 13-08-2017 22:08 | 3220
Há 27 anos o subtenente Luciano Genari serve a Polícia Militar de Minas Gerai
Há 27 anos o subtenente Luciano Genari serve a Polícia Militar de Minas Gerai Foto: João Oliveira/Jornal do Sudoeste

O policial militar, subtenente Luciano Aparecido Duarte Genari, é um profissional de carreira que há 27 anos tem se dedicando a segurança pública e bem estar da sociedade, e está prestes a se tornar um policial da reserva devido a aposentadoria. É simples, alegre e transmite serenidade no jeito de conversar e levar a vida. Natural de Itamogi, recebeu o título de Cidadão Honorário Paraisense em 2016, e se considera de ambas as terras. Luciano, aos 45 anos, é casado com Kátia Genari, pai da farmacêutica Flávia Genari, de 26 anos, do Romano Genari, de 6, e tem um entendo, o Felipe, de 10. O policial, apesar da rotina atribulada, adora a vida caseira, ama a família e o que faz, e valoriza cada passo ao longo da vida. 




Jornal do Sudoeste: Você é natural de Itamogi...
Luciano Aparecido Duar-te Genari: E também sou paraisense. No último ano fui agraciado com o título de cidadão honorário e agora tenho duas terras natais: Itamogi, onde eu nasci e cresci, onde está toda a minha família e amigos, e também Paraíso, onde vivo há 10 anos. Meu pai, Primo Genari, e  minha mãe, Maria Luiza Duarte Genari, são de Itamogi, mas na verdade meu pai tem ramificação em Santo Antônio da Alegria, porque quando os italianos vieram para essa região, estabeleceram-se nessas duas cidades. Eu tenho um irmão, que hoje é agente penitenciário, já foi diretor administrativo aqui em Paraíso, mas hoje atua em Itamogi, o Alex Genari, que é o filho do meio, e um irmão caçula, já falecido, o Juliano.




Jornal do Sudoeste: Como foi a juventude em Itamogi?
L.A.D.G.: Minha infância em Itamogi foi bastante salutar, onde eu nasci, cresci e onde vivem todos os meus amigos hoje. Fui uma pessoa comum, normal como todos, e é até gostoso de relembrar essas fases porque hoje a gente percebe que as crianças não fazem as mesmas coisas que nós fazíamos naquela época, percebemos que esses jovens estão amadurecendo precocemente, estão pulando etapas da vida que tínhamos naquela época. Foi uma fase muito boa, muito amistosa e unida que serviu de alicerce para os dias atuais.




Jornal do Sudoeste: Como foi a infância com seus irmãos?
L.A.D.G.: O mais novo faleceu em um acidente de trânsito, era funcionário das Lojas Cem e em um período de três anos recebeu quatro promoções e na última ele estava fazendo um curso em Salto, na matriz das Lojas Cem, quando estava retornando para Itamogi sofreu um acidente. O Juliano tinha 24 anos. O Alex, que está com 38 anos, é o do meio e eu o mais velho. Nós éramos bastante unidos, nossos pais não nos deixavam ficar muito na rua e tínhamos essa convivência em família, entre irmãos, e fazíamos todo tipo de brincadeira: era carrinho de rolimã, pião, soltar pipa, perna de pau, entre outras. Como eu era o mais velho dos irmãos, eu me recordo que ajudava muito a cuidar deles. 




Jornal do Sudoeste: E na escola, como você era?
Comecei a estudar na Escola Minas Gerias, depois fui transferido para a Escola Coronel José Furtado e depois fui para o ginásio. Eu assimilava muito as matérias. Não era muito adepto de pegar os cadernos e estudar em casa, mas prestava bastante atenção na aula e tinha uma capacidade enorme em guardar as informações e não tinha dificuldade nos estudos. Não cheguei a realizar o curso superior, até porque quando eu completei 18 anos meu pai me levou para a Base Aérea de Pirassununga, para fazer o alistamento, não consegui servir, mas logo em seguida consegui prestar o concurso da Polícia Militar em 1989, e fiz o curso de Formação de Soldado em Passos em 1990.




Jornal do Sudoeste: Você sempre quis ser policial?
L.A.D.G.: Não. Eu queria ser militar, tanto que quando somos crianças, e acredito que a maioria dos jovens nesta fase sonha em ser militar, eu tinha o sonho de servir a Aeronáutica; a época não consegui servir, mas foram surgindo as oportunidades. Tive conhecimento do concurso da Polícia Militar, prestei e logo gostei da profissão. Tive uma boa ascensão na carreira, hoje sou subtenente e na minha transferência para a reserva irei atingir o posto de 2º Tenente. Considerando que ainda sou jovem, a gente não pode parar, porque quando isso a acontece, acabamos tendo uma vida sedentária e isso é perigoso para a saúde, mas eu tenho pretensão de retornar a instituição e servi-la novamente.




Jornal do Sudoeste: Como foi esse período de ascensão na carreira policial?
L.A.D.G.: Fiquei como soldado apenas seis meses, porque durante o interstício que era obrigatório, eu prestei o concurso para o Curso de Formação de Cabo e passei. Em 1994 prestei concurso para Formação de Sargento, fui muito bem classificado e tive que ir para Pouso Alegre, onde fiquei por um ano. Assim que me formei fui designado a trabalhar no Triângulo Mineiro, em Ituiutaba, onde fiquei alguns meses, depois pedi para ser movimentado para Monte Alegre de Minas, entre Ituiutaba, Uberlândia e a divisa com Goiás. Por lá permaneci três anos e meio até retornar as origens, no 12º Batalhão de Polícia Militar de Passos e de lá fui para Cássia, entre 1998 e 1999, onde fiz um bom trabalho e fui convidado a assumir o comando do destacamento da PM em Itamogi. Aceitei e lá comandei a PM por oito anos.




Jornal do Sudoeste: Por que você decidiu deixar Itamogi?
L.A.D.G.: Minha filha queria estudar no Colégio Tiradentes, em Passos. Num primeiro momento não foi possível, eu fui designado para São Sebastião do Paraíso e depois de um ano fomos para Passos, onde trabalhei na assessoria de comunicação organizacional por dois anos. Quando minha filha concluiu o Ensino Médio e foi fazer faculdade de Farmácia em Ribeirão Preto, eu pedi para retornar para Paraíso onde vivo há 10 anos.




Jornal do Sudoeste: Você começou a trabalhar muito cedo?
L.A.D.G.:  Sim. Aos onze anos tive o meu primeiro emprego, mas por estudar eu trabalhava somente no período da tarde, como balconista de uma sorveteria. Depois trabalhei em três bares na cidade de Itamogi. Aos 17 anos eu fui morar em São Paulo, em Osasco, onde trabalhei em uma multinacional americana e permaneci por alguns meses. Naquela época estavam acontecendo mudanças de planos econômicos e nós, que éramos mais novos, fomos dispensados e eu retornei a Itamogi, estava acostumado a vida no interior e queria voltar para minha terra natal.




Jornal do Sudoeste: Durante sua carreira, há alguma história que tenha te marcado?
L.A.D.G.: Trabalho há 27 anos para a Polícia Militar de Minas Gerais, esse tempo de serviço na intuição é uma vida, tivemos passagens boas, passagens triunfante e passagens de risco, que é inerente a profissão. Recordo de algumas situações vividas ainda no Triângulo Mineiro, uma região onde à época existiam quadrilhas que agiam em roubos de transportes de cargas, porque era uma região muito rica e possuía um polo industrial na cidade Uberlândia muito forte; a região pegava a BR 153, que vinha da zona franca de Manaus e passava por Monte Alegre. Passávamos por diversas situações e me recordo que em uma dessas, nós recebemos a informação de que uma pessoa havia sido sequestrada e que poderia estar sendo conduzida com destino ao Triângulo Mineiro. Nossa equipe foi atrás, eles tentaram fugir, conseguimos prender dois desses envolvidos e realmente havia um refém. São situações bem emocionantes. Também houve a prisão deu uma quadrilha de roubo de cargas de cigarros da Souza e Cruz, naquela época foram recuperadas  2.300 caixas, com cinquenta pacotes de cigarros cada. Ficamos empenhados nisso 48 horas ininterruptas e é de praxe acompanharmos a ocorrência até o fim; dificilmente deixamos a ocorrência passar para outro policial.




Jornal do Sudoeste: Você viveu muitas situações de risco?
L.A.D.G.: Sim. Lembro-me de um confronto com uma quadrilha que tentou assaltar um ônibus, eles tinham um apoio de um segundo veículo e alvejaram a nossa viatura. Um de nossos colegas, o cabo Manuel, que era do Rio Grande do Norte e tinha um sotaque bem característico, disse que tinha levado um tiro na cabeça. Nós prestamos socorro, mas não foi muito grave; vi que tinha uma bala alojada na viatura, acima da minha cabeça. Então, são situações que marcam porque tivemos um risco emitente de morte, não foi apenas essa situação, foram várias.




Jornal do Sudoeste: Você já pensou em desistir?
L.A.D.G.: Sim. Em 1996 fazia quase um ano que eu era 3º sargento, estava no Triângulo Mineiro, muito longe de casa e dificilmente conseguia visitar minha família a cada três meses. Foi uma época muito difícil, o salário era muito baixo, ganhávamos muito mal, tanto que em 1997 deflagrou a greve da Polícia Militar; o que eu ganhava como 3º sargento, equivalia algo em torno de um salário mínimo e meio. Naquela época ser motorista de uma empresa, pedreiro ou qualquer outra profissão, ganhava mais que ser Polícia Militar. Quem passou por essa época e hoje está firme na profissão é porque realmente gosta do que faz. Se fosse pensar em dinheiro, não atuaria nesta área.




Jornal do Sudoeste: Existe uma cobrança muito grande ao policial, como você lida com isso?
L.A.D.G.: Existem dois tipos de cobrança, a primeira delas é a cobrança interna da instituição em apresentar resultados, é uma situação norma e  toda instituição tem seu regulamento, preceitos éticos e linha de doutrina que temos que seguir. A PM trabalha com metas, assim como qualquer outra empresa. Entre essas metas está a redução da incidência criminal, principalmente para os crimes violentos, que correspondem a 10% menos que o índice registrado no período anterior e temos até que inovar para que isso ocorra, preventivamente e até ostensivamente. A segunda situação é a cobrança da comunidade, no seu direito. Essa pressão é grande, porque nós, policiais militares, temos que trabalhar dentro da legalidade, nós só podemos trabalhar aquilo que é previsto em lei. Há situações em que nós realizamos a prisão do cidadão, encaminhamos para a delegacia e, às vezes, não quer dizer que essa pessoa deixou de ficar presa porque não foi autuada em flagrante, mas porque a lei determina; é isso que a população não entende. Mas nós aprendemos a conviver com essa situação. A profissão é dignificante, sabe-se quem está nela.




Jornal do Sudoeste: Ver essas pessoas que foram presas por um crime e serem soltas em seguida é frustrante?
L.A.D.G.: Não digo que é frustrante, porque nós temos que trabalhar com a lei, e quando fazemos isso há o sentimento de dever cumprido. Mas existe uma frustração em relação a legislação penal, é uma legislação arcaica, que precisa ser melhorada, atualizada para os dias atuais porque lei não atende mais os anseios da comunidade. Porém, eu acredito que temos que ser bastante otimistas e acreditar que podemos melhorar esses pais, sabendo escolher nossos representantes, os quais hoje estão desacreditados. Temos que ser otimistas, e acreditar que isso vai melhorar, cabe a nós enquanto eleitores mudar essa realidade por meio das urnas.




Jornal do Sudoeste: E qual o balanço que você faz desses 45 anos de vida,  e o que esperar para futuro?
L.A.D.G.: Sou muito feliz por várias razões. Tenho uma excelente família; profissionalmente me sinto realizado e confesso que aonde cheguei foi muito mais que eu almejei. A felicidade é aliada a motivação do dia a dia que eu recebi dos meus companheiros, do comando por onde eu estive e da minha família, a força motriz do ser humano, ela advém da motivação. Se você está bem, realizado profissionalmente e dentro de um ambiente familiar, qualquer pessoa é feliz. Eu pretendo descansar, mas tenho pretensão em regressar a Instituição, mas se isso não for possível, ainda estou pensando no que fazer, porque eu não me planejei para estar aposentado, mas eu acredito que não vou ter dificuldades, sou muito família, gosto de estar em casa com minha esposa e com meus filhos.