O aumento da população flutuante registrada entre maio e julho em São Sebastião do Paraíso, meses que coincidem com a safra cafeeira na região, é um dos fatores que têm contribuído para o aumento de demanda em diversas áreas no município. Além de estimular a economia local, o período é propício para aqueles trabalhadores que dependem da safra para acumular uma renda extra e retornar as suas cidades de origem.
Caracterizada pela permanência durante uma determinada época do ano, a população flutuante é o conjunto de indivíduos que permanecem em uma localidade por uma curta duração e pode ser por vários motivos, entre eles recreativos, de turismo, visita a familiares ou de negócios. Em Paraíso, essa população aumenta, principalmente, devido à colheita cafeeira na região.
Prova disto, é que entre os meses de maio e junho é registrado um boom de contratações na área agrícola, motivada por cidadãos que buscam oportunidade nas lavouras paraisenses. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em maio foram registradas 263 contratações, 223 contratações a mais que o mês de abril, quando houve 40. Já em junho, esse número subiu para 356 novas admissões.
É comum a migração de trabalhadores que vêm de outras regiões do estado para atuar na lavoura de café, o que contribui para o aumento dessas contrações. O empresário e agrônomo Luiz Carlos Pinto Gonçalves, é um desses produtores que buscam essa mão de obra extra para reforçar a colheitas nas propriedades da família. Para esse período ele espera colher cerca de 10 mil sacas até o fim da colheita, que já está na reta final. “Nós temos 80 funcionários fixos em nossas propriedades, mas contratamos mais 40 funcionários, geralmente do Norte de Minas para ajudar na colheita”, comenta.
Cleide Silva, que atua como serviços gerais, tem familiares que são um desses exemplos de trabalhadores que se deslocam para a região de Paraíso apenas para trabalhar na colheita de café. Moradora no bairro Muschioni, ela conta que nesta época sua casa costuma ficar mais cheia. “Moramos na nossa casa eu, meu esposo e minhas duas filhas, mas agora recebi meu pai e meu irmão que vieram e ficaram aqui comigo, porque eles trabalham na colheita de café”, relata.
Cleide e os familiares são naturais de Rio Pardo de Minas, que ficam ao Norte do Estado. O município está a mais de mil quilômetros de São Sebastião do Paraíso, de onde são gastos cerca de 15 horas de viagem. “Eles têm vindo aqui nos últimos anos para trabalhar, porque ajuda a ganhar um dinheiro extra para a nossa família”, comenta.
A presença dos parentes de longe em sua casa ocorre por pelo menos quatro meses, detalha a trabalhadora que já se adaptou na região. Cleide conta que antes de Paraíso morou em outras cidades da região como São Tomás de Aquino e Pratápolis, onde também atuava na colheita de café. “Depois que mudei aqui para Paraíso, arrumei outro emprego, mas meu marido continuou trabalhando na lavoura. Agora, com o fim da colheita ele está tentando arrumar outro emprego”, completa.
Conforme levantamentos feitos pelo “Jornal do Sudoeste”,há trabalhadores temporários que atuam no período de colheita que ficam alojados nas próprias fazendas.