CAFÉ

Disponibilidade e exportações de café nos próximos 36 meses

Por: Redação | Categoria: Acidente | 04-10-2017 05:10 | 2060
Foto: Reprodução

Marco Antonio Jacob 




De acordo com o relatório de OIC , entre  outubro de 2016 a julho de 2017, houve um aumento de 5,6 milhões de sacas nas exportações dos países produtores, devido às maiores embarques  da Indonésia, Honduras, Colômbia, Uganda, Peru , Guatemala, e tivemos embarques menores do Brasil, Vietnã, Côte d ‘ Ivoire etc. . http://w ww.ico.org/prices/m1-ex ports.pdf
No entanto, essas maiores exportações é maior que o crescimento dos estoques visíveis, isto é, os estoques cresceram menos que os 5,6 milhões exportados a mais, assim pode- se deduzir que o consumo nos países importadores está aumentando.
O Brasil deve fechar o outubro 2016 a setembro 2017 (base OIC ), com exportações inferiores a 31,50 milhões de sacas, portanto muito  menos que os 36  milhões que vinha exportando no mesmo período nos anos de 2014/15 e 2015/16,  porém devemos lembrar que a safra do Brasil em 2016/2017 foi considerada uma das maiores da história, e além disto o Governo Brasileiro vendeu todo o seu estoque de café, 1,60 milhões de sacas entre setembro 2016 e março de 2017, que ajudou a criar oferta adicional de café no mercado brasileiro, hoje os estoques é zero.
Atualmente é visível que quase  não temos estoques de café de safras passadas no Brasil, basta visitar os armazéns e ver a disponibilidade de café remanescentes. 
A CONAB divulgou que os estoques privados brasileiros em 31 de março de 2017 eram de apenas 9.866.061 sacas, então estes estoques tiveram que  suportar as exportações e consumo interno brasileiro nos meses de abril, maio e junho, este uso totalizou aproximadamente 12.149.554 de sacas de café, sendo  7.024.554 sacas de exportação mais  5.125.000 de sacas consumo interno, nota-se  inclusive a necessidade de uso de café recém colhido da safra novíssima de 2017/18.
O volume total apurado no levantamento de estoques privados de café em 31/3/2017, de 9.866.061 sacas, representa uma variação negativa de 27,4% com relação ao levantamento realizado em 2016.
Um dado importante nesta contagem de estoques privados pela CONAB é que houve uma diminuição de 3,70 milhões de sacas em relação aos estoques em  31/03/2016, então somando com o café vendido pelo Governo Brasileiro, temos um desaparecimento de 5,30 milhões de sacas dos estoques brasileiros (governo + privados), certamente aqueles que publicaram  números fantasiosos para a colheita do Brasil em 2016/17 deveriam apontar onde está este café pois se houve um desaparecimento desta grandeza, seguramente a safra foi menor que o previsto.
A safra de 2017/18 no Brasil, que encerrou agora, é muito menor que o esperado por todos, é possível que  a CO NAB tenha sido levemente otimista em seus números.
Fazendo uma conta simples, usando a média de exportação de julho + agosto dos anos de  2014 e 2015 ( 6,132 e  5,785 =   média 5,585 milhões de sacas ) , contra as exportações deste mesmo período em 2017  ( 4,238 milhões de sacas ), a queda nas exportações é assustadora, menos 29% de exportações.
Dado a todos os dados disponíveis, pode-se prever que as exportações do Brasil no ano safra de 2017/18 serão pequenas.
Usando um raciocínio cartesiano, considerando que as exportações de 2014 e 2015 foram de 36 milhões de sacas, se diminuirmos 29%, as exportações do Brasil poderão ser somente 25,60 milhões de sacas no período de Julho de 2017  a Junho de 2018.
Então teremos pouca disponibilidade de café até a nova safra do Brasil, que virá somente a partir de Julho de 2018, pois estamos praticamente em outubro e não houve a florada ainda, então, não esperem mudar a natureza e terem cafés disponíveis antes do prazo de maturação e secagem dos grãos de café.
Dia 29 de Setembro, em reunião em Guaxupé, o Professor José Donizeti Alves, mestre de fisiologia vegetal da Universidade Federal de Lavras, disse que o potencial brasileiro de colheita para a safra de 2018/19 será entre 50/52 milhões de sacas.
Sei que é prematuro dizer quanto será a safra de 2018/19, mas aqueles que acompanham o dia a dia das lavouras de café, observando clima, sol, chuva, temperaturas, tratos culturais, podas  etc, sabem  que a grande safra de 2018/19 já foi embora, pois em muitas importantes cidades produtoras foram quase 110 dias de estiagem.
Nas redes do whatsapp, circula uma declaração do Professor Luis Carlos Molion, climatologista, informando que a região Sudeste do Brasil está sob efeito do La Nina, e que teremos chuvas abaixo do normal, e que este fenômeno deve persistir até março e abril de 2019,
Sua preocupação é  com as sucessivas estiagens de vários anos e seus efeitos cumulativos sobre o parque cafeeiro brasileiro.
Assim sendo,  as “lideranças” da cafeicultura brasileira deveriam se manifestar, pois caso as previsões do Professor Molion se tornem realidade, o Brasil vai exportar muito abaixo da média  nos próximos 36 meses pois temos uma safra pequena em 2017/18, uma safra com potencial de 50/52 milhões em 2018/19 e uma outra safra de bianualidade baixa em 2019/2020, estas duas últimas safras com risco de possíveis efeitos do La Nina.
É muito importante a CO NAB fazer um extensivo e rigoroso trabalho de levantamento estoques em 31 de Março de 2018, pois o levantamento de estoques indicará o que realmente colheu de café no Brasil, não é previsão, chama-se safra derivada, simplesmente levanta-se o estoque, acrescenta-se o uso de café do período anterior (exportação e consumo interno), deduz o estoque do período anterior e encontra a real produção.
Desta maneira, com um levantamento real da produção do Brasil, poderemos contestar as safras fantasiosas ditas no mercado internacional cafeeiro.
Enfim, planejamento é necessário. O Governo Brasileiro, com sua apática política cafeeira, anualmente desperdiça bilhões de dólares  em receitas nas exportações de café.
O reflexo desta apática política cafeeira colabora com que os produtores mundiais se encontrem na pobreza.
Se corrigirmos a cotação do café pelo IPC americano quando vigorava o Acordo Internacional do Café, na média  equivalente a US$ 1,30  em 01 Janeiro 1982, atualmente, digo, setembro de 2017, deveria ser US$ 3,41, então atualmente as cotações de US$ 1,30, que são as mesmas que 35 anos atrás são  62% menores em preços relativos com base em 1982.
Resumindo, são necessárias mudanças urgentes na política cafeeira do Brasil para agregar valor nos preços do café.
(Notícias Agrícolas)