Num requerimento, instruído com treze relatórios resumidos, a prefeita Marilda Petrus Melles (PFL), encaminhou à Câmara Municipal denúncias envolvendo a administração do ex-prefeito Pedro Cerizze (PSDB) relativo ao exercício do ano 2000. Conforme afirma, são "irregularidades praticadas que maculam a dignidade da Administração Pública Municipal", e foram apuradas em auditoria contábil, administrativa e financeira. Protocolada no dia 27 de maio na Câmara, a denúncia foi apreciada em sessão extraordinária.
Ao convocar os vereadores, o presidente Antônio Fagundes de Souza, segundo informação obtida pelo Jornal do Sudoeste, não mencionou o assunto que deveria ser apreciado. No entanto, de maneira informal, foi ventilado que estaria relacionada a possíveis irregularidades na administraçao Ce-rizze.
Dentre as irregularidades apontadas pela prefeita, constam o cancelamento ou anulação de empenhos "cuja liquidação estava processada e dependia apenas da fase de pagamento", num montante de R$ 1.133.202,16 - o que, para a prefeita "caracteriza crime de falsidade ideológica", além de ferir a chamada leis de responsabilidade fiscal.
Noutro item, questiona licitações para canalização de córregos (Projeto SOMMA), obra não concluída e, segundo o relatório "superfaturada em 65 mil". Menciona, ainda, entre outros, "o elevado índice de concorrências vencidas pela em-preiteira Leão & Leão, falta de repasse e retenção de valores do INPAR, o Instituto de Previdência dos Servidores do Município de São Sebastião do Paraíso.
Na sessão extraordinária, o vereador Valdir do Prado, atualmente filiado ao PL, foi um dos principais articuladores da defesa do ex-prefeito e pré-candidato a sucessão municipal, Pedro Luiz Cerizze Filho.
O vereador Márcio da Silveira (PFL), fez a leitura da denúncia e relatório. Dez vereadores, optaram por amenizar a situação, três manifestaram o desejo de continuar a investigação e atender o pedido da prefeita, acionando o Tribunal de Contas do Estado.
Argumento contrário
O presidente da Câmara, Antonio Fagundes de Souza e os vereadores Waldir Marcolini, Hebert Mumic Ferreira, Márcio da Silveira e José Marinzeck posicionaram e votaram a favor de que a denúncia seja apresentada ao TC. Dois vereadores faltaram à extraordinária.
O vereador Valdir do Prado teve entendimento diferente, sob argumento de que a denúncia, antes de ser apresentada à Câmara Municipal foi há tempo encaminhada ao TC pelo Executivo paraisense. "Agora nos resta esperar que o exercício do ex-prefeito Cerizze seja avaliado na íntegra", comentou. Apresentar denúncia nesse momento não nos parece atitude convincente e vai atropelar o processo já em andamento no Tribunal.
Cerizze presenciou reunião
O ex-prefeito Pedro Cerizze que compareceu a reunião extraordinária, disse que não está surpreso com a denúncia, e se disse tranqüilo. Segundo ele, "é comum este tipo de assunto, em época de pré-eleição, e não há razão para preocupações".
"De minha parte não estou preocupado por exemplo se a atual administração está em dia com a Lei de Responsabilidade Fiscal", rebateu. "Se existe algo para concentrar é a minha pré-candidatura, a busca de aliados e preparar a campanha contra outros ataques que podem surgir", observou.
Cerizze disse ainda não temer os adversários e acreditar na Justiça. "Estão enganados. Três (97 a 99) dos quatro anos não há nada de irregular. Vou esperar o parecer do Tribunal de Contas sobre o mandato na íntegra. É o melhor". Sobre a denúncia e os itens relacionados foi taxativo. "Estão falando em indício, nada mais", desconversou.
Marcolini
Se houve defesa contra a denúncia, houve ataque também. Para o vereador Waldir Marcolini, ex-prefeito, pré-candidato à reeleição pelo PT do B, a vistoria sobre o mandato de Cerizze deve ser intenssificada. "Onde há fumaça, há fogo. A prefeita não iria fazer uma denúncia desta, de forma infundada. Devemos estar atentos, é o tempo que vai mostrar quem está certo".
Marcolini destaca que a Câmara não deve ser omissa e dar motivo para a população questionar os vereadores. "Somos representantes do povo e nesta hora querem a nossa posição exata diante de uma denúncia muito grave", considerou. O presidente Antonio Fagundes, mostrou-se reticente quanto ao desfecho do assunto e a polêmica de posicionamento mostrado pelos vereadores contrário e a favor do pedido da prefeita Marilda Melles. "Na votação foi rejeitada a proposta de ser enviar ao tribunal as denúncias. Se o tribunal já tem conhecimento do teor, é de lá que vem a posição sobre a procedência ou não. A maioria entendeu que não existe necessidade de reafirmar a denúncia", concluiu.