CRÔNICA HISTÓRICA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO

Tributo à memória de José Lúcio Ramos

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cidades | 14-08-2018 10:16 | 571
José Lúcio Ramos no calçado da Praia de Copacabana, Rio de Janeiro Fonte: acervo da Família
José Lúcio Ramos no calçado da Praia de Copacabana, Rio de Janeiro Fonte: acervo da Família Foto: Reprodução

A motivação para escrever essa crônica dedicada à memória do saudoso José Lúcio Ramos pertence à esfera da gratidão, sentimento nem sempre fácil de ser expresso na formalidade de um texto escrito. Quero reconhecer aqui tudo o que fui capaz de aprender com ele, durante o tempo em que trabalhei em seu escritório, no início da década de 1970. Logo no primeiro dia de trabalho, o honrado empregador pediu-me que levasse a carteira de trabalho para o devido registro, fato pelo qual orgulho-me de ter sua assinatura no documento.


Numa das salas comerciais da então recém construída Galeria Central, na praça central de São Sebastião do Paraíso, MG, funcionava o escritório de representação de empresas de seguro e de financiamento. O espaço de trabalho estava conectado ao escritório imobiliário do também saudoso empresário José Soares do Amaral (Zezé Amaral), um dos fundadores e primeiro diretor da Rádio Difusora Paraisense, grande entusiasta do desenvolvimento econômico e cultural da cidade. Juntamente com o amigo Archibaldo Ricci Ramos, seu filho, e com o contador Miltinho, eu compartilhava a rotina de trabalho com esses honrados homens que estavam além do tempo e tanto fizeram para dinamizar o ambiente empresarial e imobiliário da cidade.


Naquela época, os atuais grupos financeiros ainda não tinham dominado o mercado de seguros. Desse modo, o escritório mantinha a maior carteira securitária da região, prestando um serviço diferenciado para várias empresas e pessoas físicas, em termos de pontualidade, honradez e atendimento. Por esse motivo, a parte de escrituração e correspondência era cuidadosamente mantida para o bom funcionamento dos contratos e compromissos.


Foi no calor desse ambiente estimulante que pude aprender, com sua inteligência e lucidez. Dono de uma vasta cultura geral e sensibilidade para a realidade social e política, pude aprender com ele a necessidade de conhecer melhor a história da nossa própria região. Na juventude dos meus 18 anos, ainda não entendia muito bem, quando ele recomendava, com certa frequência, a leitura do romance do escritor mineiro Mário Palmério, "Chapadão do Bugre", para conhecer um pouco da truculência dos crimes ocorridos, outrora, nos tempos dos coroneis, dentro do Fórum da vizinha cidade de Passos. Tema esse que me motivou a redação de uma série de crônicas já publicadas.


Passou o tempo e compreendi que suas lições e gestos iam bem além da rotina de trabalho. Fora ele agraciado com o casamento com a querida Ada Ricci Ramos, uma mulher de espírito elevado, nobre, cujas atividades beneméritas e atuação em entidades filantrópicas transcendem sua elegância, beleza e cultura literária. Por todos esses motivos, escrevi essa crônica para honrar a memória, juntamente com seus familiares, do nosso querido José Lúcio Ramos.