O aposentado Antônio Querino da Silva, 53, ficou em cárcere privado por dois dias em sua própria casa, em São Sebastião do Paraíso. Amordaçado com fita crepe e por cima dela, quatro ou cinco voltas de pano, ele explica que ainda lhe foram colocados sacos plásticos sobre a cabeça. "Pedi a morte várias vezes", explicou ao Jornal do Sudoeste, ao dizer de seu sofrimento. A Polícia Militar estourou seu cativeiro por volta das 12:40 h, de sexta-feira,12, na rua Artur Pires de Morais, 60, Vila São Pedro. Momentos depois prendeu Denise da Silva, 26, que admitiu a autoria do crime, praticado, conforme explicou, na companhia de dois rapazes chamados Marcelo e Paulinho.
Antônio Querino - Toninho - disse ter conhecido Denise numa casa na zona boêmia de Paraíso, quando ela lhe contou da dificuldade que estava encontrando para pagar o aluguel, e pediu para ir morar com ele.
Há alguns dias Denise manifestou a vontade de fazer uma festinha de aniversário para a filha e pediu que Toninho lhe desse R$ 246,00. Na quarta-feira,10, por volta das 11:00 h, o aposentado depois de ir ao banco explicou que seria impossível lhe arranjar o dinheiro.
Conforme relata, inconformada, Denise passou a agredi-lo com uma barra de cano, desferindo-lhe pancadas por todo o corpo. Em seguida, Toninho foi amordaçado. "Ela me fez abrir a boca até não poder mais, colocou fita crepe, deu quatro ou cinco voltas com um pano azul e por fim cobriu minha cabeça com sacos plásticos, e jogou alguns cobertores em cima de meu corpo", disse, salientando que mal podia respirar. "A situação era tão desesperadora que cheguei a pedir a morte algumas vezes", salienta o aposentado que também teve os braços imobilizados.
Ao Sudoeste, Toninho disse que de quarta até sexta-feira,12, ficou sem comer e sequer um copo d'água lhe foi dado. Nesse período conforme explica, no pequeno tempo em que lhe foi descoberta a cabeça e pedia por água, Denise lhe respondia: "Quem vai morrer não precisa de água".
Familiares de Toninho possivelmente alertados por vizinhos, tentaram entrar em contato com ele através de seu telefone celular. O aposentado atendeu, mas ameaçado por Denise nada disse. No entanto, conforme explica sua sobrinha, deu para se perceber que algo de diferente estava acontecendo.
Outro detalhe que chamou a atenção foi o som em volume alto durante bom tempo, como se "fosse uma festa", forma utilizada por Denise para dificultar possível tentativa de Toninho de alertar alguém para o que de fato ocorria.
A tentativa de conseguir o dinheiro prosseguiu, e com uma faca colocada na altura da garganta, Toninho foi obrigado a assinar uma folha de cheque. Outras duas desapareceram de seu talão, juntamente com os documentos de seu veículo Parati, dois televisores e dois botijões de gás, entre outros pertences.
Na manhã de sexta-feira, aproveitando-se da ausência de Denise, com dificuldade o aposentado se fez notar quando um vizinho lhe chamou. O fato foi comunicado à Polícia Militar que chegou ao local por volta das 12:40 h. e encontrou Toninho imobilizado em seu quarto.
Denise que já esteve cumprindo pena anteriormente na cadeia de Paraíso, foi localizada próximo à Praça Nossa Senhora Aparecida. Estava com as chaves da Parati também encontrada nas imediações. A princípio tentou negar sua participação no caso, mas depois admitiu ter agido em companhia de dois rapazes chamados Marcelo e Paulinho, segundo ela, de Cajuru.