Em todo o Estado de Minas Gerais, existem mais de um milhão de idosos, com idade acima de 60 anos, responsável por domicílio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Em São Sebastião do Paraíso, ainda não foi feita nenhuma pesquisa a esse respeito, mas segundo Ruth Corsi, presidente da Associação do Aposentados e Pensionistas Paraisense, AAPP, de acordo com as proporções do município, esse número também deve ser alto. "Para se ter uma idéia, de 118 aposentados, integrantes da nossa associação, 85 são arrimo de família, ou seja, 72%, o que é um número alto", comenta.
Para Corsi, esses números se devem ao fato de, na maioria das vezes, serem mulheres viúvas que querem ter os filhos por perto. Além disso, a gravidez precoce está retardando ou empurrando os filhos e netos para a casa dessas pessoas acima de 60 anos. "Temos associados que com sua aposentadoria, sustentam esposa, filhos e netos", relata.
Segundo ela, esse fato pode ser benéfico para as crianças, mas prejudica o idoso, responsável pelo sustento da casa, em todos os setores da sua vida. "A parte de qualidade de vida deles, na maioria das vezes, é deixada em segundo plano", fala, salientando que os encargos familiares, faz ele deixar de, às vezes, comprar até remédio. "O que eu percebo é que os nossos idosos são muito explorados pela família".
Corsi relata ainda que, o fato da pessoa ser aposentada, faz com que a família passe para ela muitas responsabilidades e obrigações. "Eles pensam que pelo fato da pessoa ser aposentada, ela não tem nada a fazer e por isso, passam inúmeras obrigações para 'ocupar' o seu tempo", conta. Na maioria dos casos, conforme explica, o seu lazer é o mais prejudicado. "Na AAPP, fazemos várias atividades e viagens, o aposentado deixa de ir porque às vezes, não tem dinheiro, e mesmo quando é praticamente gratuito, necessita cuidar de algum familiar enfermo".
Em outros casos, conforme explica, a própria pessoa, para se sentir importante e aumentar sua própria auto-estima, começa a se encher de afazeres. "O próprio idoso se sente acomodado, e isso deve mu-dar", conta, relatando que quando um aposentado procura a associação de sua classe, já é um passo muito grande. "Isso quer dizer que ele sentiu necessidade em se unir com outras pessoas".
Aposentadoria cada vez menor
O aposentado Alfredo Albieri, 76, diz que quatro pessoas vivem com a aposentadoria que, segundo diz, é insuficiente. "Ela foi o bastante quando recebi a primeira parcela, depois disso, foi defasando não só pela inflação, como também pelos cálculos do INSS, até chegar a um ponto que não dá mais", desabafa.
Albieri fala também que só não faz alguma atividade remunerada devido à idade avançada. "Nem de guarda-noturno daria", comenta, dizendo que faz força para que os aposentados participem das atividades, que segundo ele, é para não envelhecer mais depressa.
Mesmo com todos os problemas financeiros, o aposentado fala que é feliz, pois a vida não tem nada a ver com a aposentadoria. "Aquele que fica pensando que dinheiro é tudo, está totalmente enganado. É verdade que é necessário, ou melhor, é essencial, mas não é tudo", salienta, dizendo que as pessoas tem que pensar mais à frente. "Devem pensar que na idade que estão, se pararem vão ao fundo do poço", finaliza.
Atividades da AAPP
A presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas Paraisense conta que existe agendado uma programação intensa, com atividades extras até o ano que vem.
Além disso, dia 27 de setembro é dia do idoso, que será denominado pelos associados como "Dia do Poder Grisalho", onde foram convidados a ir a um clube no município de Cajuru, Estado de São Paulo. "Teremos várias atividades a custo de somente R$10".
Além dessas atividades extras, quinzenalmente são feitos encontros para dançarem, além de feijoadas e almoços beneficentes.
Nádia Bícego