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Minha querida vizinha

Por: Redação | Categoria: Do leitor | 03-02-2021 14:18 | 584
Foto: Reprodução

Teresa; Teresinha; Quanta saudades bate aqui no coração! Com certeza; minha emoção caminha aos prantos e revendo os anos que estivemos lado a lado; impossível não chorar. Dona Teresa era vizinha; amiga; comadre; do lar. Tive a honra de ser madrinha de crisma de sua filha Marisa e que vontade de ter ido na sua casa antes desse dia fatídico; para conversar! Perdemos tantos minutos; desejáveis segundos que deixei escoar!

E assim foi escalonada para enfeitar o céu; eis que chega o dia que culminou com sua ida; e sem dúvida; um susto abrupto. Até agora não acredito; ,acho que foi no Zico fazer compras e voltará em minutos! Não creio que irei parar o carro e não prosear; sorrir e perguntar : tem manga para chupar? Foi apenas um susto e logo estará atendendo o meu telefonema; pedindo para avisar dona Leila; que o telefone estava fora do gancho e esse era meu grande problema! Quanto lema e dilema acometendo a mente! Lembro do dia que mudaram; vindos de Itamogi para perto da gente! A rua João Ponte; vai perdendo a identidade; um congelamento das risadas; meu pai.

Dona Zelina; Ana Lúcia; agora; você e a lembrança de tantas alegrias escancaradas! E na rua João Ponte; está a marca indelével da família Pádua; Advincula e Naves; uma trilogia alcalina que aperta a saudade! Que emoção falar da família Naves; uma união admirável na lição forte dos irmãos bondosos! Dessa árdua missão de educar; assim formou honrosamente seu lar! Que formação moral retilínea; fruto de uma união consolidada na família; muita dedicação; formada pela germinação do afeto.

Era muito amor nos filhos e netos! Senhor Geraldo e dona Tereza; um casal indissociável; cuja parceria afável; não deixará perder o amor conquistado ao longo da vida! Tereza; que importância viva nos faz criança; rebentos esperando seu sorriso! Jamais será esquecida na vizinhança! Ademais, era a mentora espiritual; calma; serena e mansa! Tereza; infelizmente não tive como ir ao sepultamento; mas; sepultar é algo tão triste.

Nos dá ideia de afastamento que não existe! Aqui; quero deixar minha singela homenagem; uma espécie de crônica; com ou sem rimas; posto o que me domina é justamente a visão genuína de suas virtudes! Tereza; mulher que criou seus filhos com esmero; que nobre pessoa! Mulher guerreira que derramava em nós a simpatia da vizinha boa! Uma grande cozinheira! Não me esqueço do doce de leite! Um deleite aos dias! Era muito tempo mexendo para dar o ponto e logo sentia o cheiro doce no tacho; um rasante que pendurava o desejo no cacho! Ah minha querida Dona Tereza; lembro bem da mãe zelosa que sempre servia a mesa! Após gerar seis filhos homens; Marco; Marcelo; Paulo; Geraldo; Matheus; Márcio; seguiu com o desejo premente de ter uma menina; e assim se fez; além de linda foi bailarina com altivez. Marisa; que maravilha rever na memória; a foto azul exposta na parede; estirada perto da janela; só faltou a rede para ilustrar essa história tão bela.

Como um filme; me lembro daquela doce menina mexendo na sapatilha com o cabelo encaracolado! Uma longa jornada cravada no silêncio de um dia ensolarado! E foram muitos anos que nos avizinhamos e que dor atravessada! Mas quero alinhavar meu carinho ao longo da jornada! Minha inesquecível; não há morte; existe uma mudança no trajeto; uns seguem na terra e outros ultrapassam o teto! Teresa não morreu; estará sempre presente nessa rua; na sua casa; na casa da minha mãe; ,na casa da dona Elisa, enfim ,uma presença viva que alisa a agrura enrugada de uma partida que não aconteceu! Prefiro acreditar que está na Ernestina e que está chegando; pisando lento; rumo a casa da esquina! Saudades infinitas!

Helena Aristoff Advíncula Gonçalves