Sérgio Reis
O eterno menino da porteira, com seu coração de papel, mas valente, aos oitenta e um anos muito bem vividos tentou exercer sua cidadania e algumas bravatas que soltou, como todos nós fazemos, serviu para tolher suas liberdades. Sérgio Reis só queria o processamento do impeachment – remédio constitucional. Queria a aplicação da Constituição, e portanto não pode ser acusado de abusar dela. Reuniu-se de maneira esporádica com outras lideranças para marcar uma manifestação, e viram nisso ORCRIM: sem entrar no mérito da bandeira boa ou bandeira malvada que este ou aquele ativista social defrauda, certo é que organização criminosa só pode ocorrer diante de uma associação assídua e hierarquizada de pessoas visando a prática de crimes (assim mesmo, no plural). E outra: não se ameaça ninguém genericamente, apenas por fatos concretos (e sérios). E assistimos, estupefatos, a instauração de mais um inquérito do fim do mundo, para apurar crimes inexistentes. E tem jurista defendendo em diversas mídias que a decisão do ministro Alexandre de Moraes é uma “aula de Direito” – não sei de onde o infame comentarista jurídico sacou comentário tão infeliz, e não acredito em estupidez dessa magnitude por parte de um jurista obviamente formado em Direito. O comentário é maldoso mesmo, deturpa propositalmente conceitos óbvios da ciência do Direito de maneira intencional. Tudo para enganar incautos – o autor do destrambelhado elogio deveria, também ele, ser inserido nas investigações do inquérito das Fake News.
Simonal
Wilson Simonal era um ídolo da música brasileira, campeão de discos e de shows com seu vozeirão. Empatava em cifrões e vendagens com Roberto Carlos na virada dos anos 1970. Entre os dois, uma diferença: Simonal era declarado amigo dos militares e se utilizou desta influência para cobrar uma dívida de um produtor musical famoso que lhe devia o cachê de um show. O produtor espalhou no meio artístico que Wilson Simonal era um cara de direita e bastou isso para acabar com sua carreira promissora – passou a mendigar shows e nenhum compositor ou apresentador de auditório o queria nas tardes de domingo. Morreu no esquecimento. Assim é o assassinato de reputações. Fizeram isso com José Mayer. Fizeram com Regina Duarte. Querem fazer com Sérgio Reis, tão somente porque é um conservador que se “atreve” a divulgar sua opinião e tentar fazer o que pensa seja o melhor para o seu país. Estamos ou não em um ditadura? Mas a pergunta mais difícil é outra: quem é o ditador?
A Fundação Palmares
Criada para enaltecer a cultura negra e mantida com dinheiro público, a Fundação Palmares é presidida pelo polêmico Sérgio Camargo, que sem papas na língua expõe o que qualquer historiador ou cientista político admitiria em uma conversa de botequim, se tivesse coragem para fazê-lo: o afrodescentende de escravos no continente americano vive muito melhor do que seus primos distantes que permaneceram na África. Não está com isto defendendo a escravidão, mas apenas declarando o óbvio. Negros brasileiros e norte-americanos são mais prósperos e tem mais acesso ‘a educação e cultura, e saúde e lazer, do que negros africanos, atualmente. Na Libéria, por exemplo. Para quem não sabe, abolida a escravidão nos EUA, o 5º presidente americano, James Monroe, comprou uma faixa de terras na África, apelidou-a “Liberia” e mandou pra lá negros libertos que quiseram retornar ao seu continente ancestral. Mandou dinheiro também, muito, era a maneira de Monroe tentar pagar a tal “dívida histórica” com os sofridos ex-escravos. Por ele, se chamou “Monróvia” a capital liberiana, nome que está aí até hoje. A Libéria também: alvo de sucessivas guerras civis entre tribos, miséria e desolação, mesmo duzentos anos depois. É óbvio, portanto, que afrodescendentes vivem melhor por aqui, mas constatações como esta, ditas por Sérgio Camargo, estão lhe valendo processos mil deste Brasil varonil. Como é difícil falar a verdade por aqui!
Por favor, me expliquem
O STF é competente para julgar causas constitucionais e também ações criminais em que réus sejam detentores de foro por prerrogativa de função – o tal foro privilegiado. Roberto Jefferson, no entanto, não é mais deputado, é tão somente um político dos bons, mas sem foro no STF. Portanto, não deveria estar sendo “investigado” pelo ministro Alexandre de Moraes, não é mesmo? Mas não é só. O titular da ação penal é o PGR, lá no Supremo, é ele o representante do Ministério Público em seu mais alto grau na nossa corte suprema de justiça. Ele é o interessado em processar pessoas em nome do povo e para isto toma esta iniciativa estatal através de requerimentos de abertura de inquéritos e processos e denuncia. Ainda assim, tanto no caso de Roberto Jefferson, quanto no de Daniel Silveira, o deputado bombadão que falou besteiras dos supremos, a iniciativa foi dos juízes daquela excelsa corte: em ambos os casos, Alex de Moraes. E o caso da revista eletrônica O Antagonita? Publicou que o Supremo Toffoli estava na lista do propinoduto e no dia seguinte foi empastelado, tirado do ar, censurado, por... Toffoli. Isto não é justiça. É baderna, brincadeira e vingança. E a classe jurídica caladinha...
O Dito pelo não dito
“A honra nacional é a propriedade nacional de valor mais elevado”. (James Monroe, político e 5º presidente dos Estados Unidos).