Mil dias
Conheci Jair Bolsonaro primeiro levado pelo meu amigo Aracely de Paula, então deputado federal, à antessala do plenário da Câmara dos Deputados. Aquele lugar do tapete verde em que os parlamentares são geralmente entrevistados. Jair era o mais bem humorado dos parlamentares e contava piadas enquanto os colegas faziam pose. A que me contou naquele dia: a presidente da época, Dilma, segundo ele havia evoluído bem desde os anos em que era guerrilheira. Antes, assaltava bancos. Já no poder, Dilma os quebrava com sua política econômica maluca. Depois o revi por duas vezes em Araxá, primeiro na CBMM que produz quase todo o nióbio do mundo e desta feita convidado pelo seu CEO de então, Tadeu Carneiro, e depois em um restaurante com o empresário e amigo Sérgio Chaer. Bolsonaro já era pré candidato ao planalto, antes da facada, e estava preocupado: me falou que se ganhasse iria apanhar quatro anos. Apanha, mas bate também, e muito. Só se enganou quanto ao período: vai apanhar por oito anos. E bater.
O Discurso da ONU
Tradicionalmente é o presidente do Brasil quem abre o encontro anual ONU e Jair Bolsonaro não fez feio. Como sempre, não se intimidou com a perseguição midiática que o alcança em Nova York, porque a hegemonia cultural vai longe e atravessa o Atlântico quando é para facilitar o retorno da esquerda ao poder. Bolsonaro disse para os gringos o que cansa de nos informar por aqui: a Amazônia é nossa, está preservada, desastres climáticos são cíclicos, foi dos chefes de estado que mais vacinou seus cidadãos mas, ainda assim, defende a liberdade que todos temos de nos vacinar (ou não). Discordo dele nisso e, aliás, aproveito para salientar uma falsa polarização inventada por uns e outros desavisados e mal intencionados. É que é perfeitamente possível a uma pessoa defender o tratamento precoce contra o Coronavirus através do Kit Covid e, também, defender a vacinação em massa. Uma ideia não exclui a outra e ambas se complementam, na verdade. Falo isso porque compreendo que a vacinação nos imuniza a todos mais rápido e nos protege melhor do que se não nos vacinarmos. Mas a melhor imunização de todas é a de rebanho, e a prova disso esteve na comitiva presidencial em New York: quem já havia se vacinado, o Ministro Queiroga entre estes, se contaminou. Quem já havia contraído Covid antes permaneceu imune e escapou do vírus – caso do nosso presidente.
O ódio das esquerdas
Guilherme Boulos, um socialista menos burro que seu séquito de ignorantes, invadiu a Bolsa de Valores de São Paulo sem saber que ali hoje é um museu e que todo o movimento é feito em ambiente virtual, comprando e vendendo ações. E pregou o ódio a quem ganha bilhões comprando e vendendo ações enquanto 100 milhões de brasileiros “passam fome”. Nisso, Boulos é duplamente mentiroso. São os capitalistas que geram emprego, e todos os governos socialistas do mundo estão em maus lençóis porque fecharam os olhos ao livre mercado – menos a China, que adotou o capitalismo de Estado e é uma ditadura de mercado, hoje. E não há 100 milhões de brasileiros passando fome. Aqui há trabalho (talvez não emprego) para quem queira trabalhar e o assistencialismo estatal é semelhante ao da Noruega. A fome é esparsa e casuísta, restrita aos detentores de outros problemas sociais que não estão intrinsecamente ligados à economia: drogadição, sem teto, famílias desestruturadas. E pra esses tem a assistência social. O discurso da eterna luta da esquerda é, este sim, um discurso de ódio, desde o “iluminista” Voltaire, o sábio, o pai da democracia francesa, o avô do marxismo, que disse certa feita que seu maior sonho seria enforcar o último padre nas tripas do último rei.
Alexandre Garcia
A CNN demitiu Alexandre Garcia, um dos maiores jornalistas brasileiros de todos os tempos. Alexandre Garcia é um profissional irrepreensível e livre, e foi irônico vê-lo despedido de uma coluna, ou programa, que se chama “liberdade de opinião”, por defender a medicina preventiva também no trato contra as mazelas da Covid 19. Isso é ditadura em seu mais alto grau, não aquela imposta por baionetas, mas a que promove o assassinato midiático e social de reputações, a “lacração”, em um tempo que a vida privada não existe mais. Conheci Alexandre Garcia quando perambulávamos ambos por um shopping de Brasília. Ele, bastante humilde, como são humildes só os grandes homens, aceitou bebericar um café comigo e me segredou: o que salvava a justiça do Brasil ainda eram os jovens promotores e juízes das comarcas. Os tribunais estavam por demais politizados. Isso dez anos atrás, foi um vaticínio, uma profecia. Mas o que salva a nação, na verdade, são pessoas como Alexandre, que não têm medo de dizerem a verdade e de serem honestas. Alexandre, o Brasil é muito melhor graças a você.
O Dito pelo não dito.
“Não ando pelo mundo a lastimar o que o mundo lastima em demasia: que os meses sejam de vácuo e o chão seja de lama e podridão.” (Walt Wittman, poeta americano).
RENATO ZUPO Magistrado, Escritor