É a economia, estúpido!
A frase acima, com algumas variações, se popularizou tanto que é imputada a diversos supostos autores. O mais apontado dentre eles é o economista liberal John Kenneth Galbraight, mas também há quem diga que foi James Carville, então assessor de campanha do futuro presidente americano Bill Clinton, quem de fato a cunhou nos idos de 1992. Ela explica exemplarmente o fato de que governos caem, acontecem e são renovados, sistemas políticos se transformam e revoluções acontecem, tudo conforme o sucesso ou o fracasso econômico de um país. Inclusive reeleições são afetadas pelos números da economia, e muito. Não acho que o presidente Bolsonaro vá ter mais problemas com o TSE ou com os onze supremos até outubro de 2022. Tampouco acho que Lula, PT e CPI da Covid consistam, mesmo juntos, em algum perigo real e imediato para a reeleição provável de Jair Bolsonaro. No entanto, a inflação em alta, os combustíveis de fato bem caros e sofrendo sucessivos aumentos, a corrosão do poder de compra dos salários, enfim, tudo que afete o bolso da classe média tem o condão fortíssimo de apear o presidente do poder. Os mais miseráveis sempre viveram de sonhos e de auxílios emergenciais e bolsas, e os mais ricos e mais poderosos votam conforme interesses internacionais e de poder ideológico. A classe média é o termômetro, e quando não pode mais passear na praia, trocar de carro ou pagar o financiamento imobiliário, muda de opinião eleitoral, fácil, fácil.
Cuba (ainda) Libre
Passados meses das primeiras manifestações antigoverno comunista em sessenta anos de ditadura cubana, permanecem presos políticos cerca de quinhentos destes manifestantes. E no cárcere há relatos de torturas e desaparecimentos e mortes ainda não documentadas e declaradas, assim como as havia durante o regime militar no Brasil, fatos até hoje acalentados nas campanhas eleitorais e esfregados na cara dos políticos conservadores como argumento ideológico para imputar-lhes a pecha de filhotes da ditadura, fascistas, golpistas, etc... A diferença não são as ações, mas as bandeiras defraudadas aqui e ali para justifica-las – eu sempre disse isso. Apesar dos atuais desmandos graves e atentados visíveis aos direitos humanos, Cuba é apontada por muitos como exemplo socialista de sociedade justa e que só não se solidificou como potência econômica por conta de sucessivos embargos econômicos norte-americanos. Que exemplo é esse?
Globo x Bolsonaro
Em sua visita à Roma, nosso presidente foi acompanhado de perto por jornalista da Globo, agredido por alguém da comitiva com um soco no estômago. A emissora, agora, cobra explicações jurídicas sobre o evento. No Direito Penal há uma matéria correlacionada às ciências criminais denominada “Vitimologia”. Ela investiga a contribuição consciente ou inconsciente da vítima para a prática do crime, tendo em vista fatores vários: o jeito de ser da vítima, o que porventura tenha falado ou feito para o agente criminoso, etc... Isso se reflete até hoje na aplicação das penas: diminuem-nas comportamentos das vítimas que fomentem a prática do crime – está lá no artigo 59 do Código Penal. Contribui para a prática do crime, por exemplo, a vítima que ofende a mãe do criminoso antes de ser morta por ele, ou o dono do automóvel que o deixa destrancado e com a chave na ignição quando sai para fazer compras, facilitando o furto do veículo. No caso da agressão ao jornalista global, toda a linha editorial da emissora, desde antes da eleição e durante a campanha, contribuiu e muito para estes e outros eventos. Fazendo política partidária escancarada, empurrando goela abaixo do seu público pautas selecionadas para denegrir a imagem do gestor e do governo federal, e sobretudo enaltecendo defeitos e calando-se quanto às qualidades da atual governança, o jornalismo da Globo subiu ao palanque político compondo as hostes da esquerda dita “progressista”, e assim vem sendo tratada por seus adversários ideológicos e políticos. Jornalistas, tal como juízes, quando se comportam como militantes políticos são tratados como tal.
Tá chato ser brasileiro
Maurício Souza, o jogador de vôlei e não o autor da Mônica, quase foi banido do esporte porque não gostou do filho gay do Super Homem que a DC criou. Bruna Marquezine, a eterna musa de Neymar, foi lacrada porque usou uma fantasia de enfermeira em uma festa de Halloween. Até o Conselho Federal de Enfermagem se manifestou contra a vestimenta! Assim fica muito chato ser brasileiro. A criação do Super-Homem data da década de 1930 e não gostar que se modernize (para além da tradição quase secular) a um personagem de sucesso, criando-lhe um filho gay, é uma opinião estética. Algo como, por exemplo, achar ridículo um personal trainer obeso ou um delegado de polícia que seja dependente químico. São fatos que não “parecem” combinar com dogmas e tradições culturais. No caso de Bruna, estranha a reação do conselho de enfermagem, uma vez que a imagem estigmatizada da profissão é um fetiche antigo, aliás muito presente em filmes e acessórios eróticos. Novamente, fenômeno estético. A estética é um ramo da filosofia que explica o mundo à luz dos sentidos e, via de consequência, da beleza. Não leva em conta o “politicamente correto”. Ela só não conseguiria explicar a burrice contagiosa da sociedade brasileira atual.
O Dito pelo não dito.
“Para que haja arte, para que haja uma ação ou uma contemplação estética qualquer, uma condição fisiológica preliminar é indispensável: a embriaguez”. (Friedrich Nietzsche – filósofo alemão).