ENTRETANTO

Entretanto

Por: Renato Zupo | Categoria: Justiça | 06-04-2022 10:20 | 751
Renato Zupo
Renato Zupo Foto: Arquivo

Moro de galho em galho
Ora no Podemos, ora no DEM, negociando aqui e acolá como aprendiz de bom político, o ex-juiz, ex-jurista, ex-ministro e ex-herói Sérgio Moro pula de galho em galho na política. Já lhe foi proposto desistir da presidência da República e disputar vaga legislativa, o que teria sido recusado pelo pré-candidato da terceira via. Ele quer mesmo ser presidente! Não aceita outra brincadeira e se não derem o brinquedo que ele quer, ele chora e emburra.  Burrice. No Legislativo se diluem intenções de voto, há vitórias proporcionais por legenda e menos interferência direta da rejeição do eleitorado. Sérgio Moro até que não seria mal congressista, mas o pavão quer é se pavonear né? Vai desistir da candidatura à presidência não. Amigo meu Deputado me falou dele dez anos atrás, já então odiado pela classe política, não por ser um caçador de corruptos, mas por sua empáfia.

A tornozeleira do deputado
O monitoramento eletrônico é uma alternativa menos gravosa que a prisão preventiva e por isto a vem substituindo como medida cautelar, de prevenção, para aqueles réus investigados que representem perigo à sociedade ou ao processo se libertos sem restrições durante as investigações ou o processo criminal.  Como toda alternativa, se frustrada em sua viabilidade ou pelo fiel cumprimento do “preso”, volta tudo à estaca zero. Ou seja, revalida-se a prisão preventiva antes evitada. É assim em todo foro ou corte judicial do Brasil, menos no STF que se sai com mais uma novidade: o Supremo Alex de Moraes obriga o deputado Daniel Silveira à colocação de tornozeleira eletrônica sob pena de ... multa e bloqueio de contas! O mundo do Direito dá, assim,  mais reviravoltas intestinas. A tornozeleira, ou monitoramento  eletrônico, é um benefício para o preso e não pode ser imposta a ele. Se há a recusa, prende-se.  É processo penal, gente, não cobrança de dívida. Entendeu, Ministro Alexandre?

A Lei das Fake News
Depois do STF “legislar” sobre a matéria, as Fake News finalmente vão ser disciplinadas por lei, desta feita através do Poder Legislativo e dentro de sua prerrogativa constitucional, como deve ser em um país civilizado.  O projeto de lei 2630, de autoria do Deputado Orlando Silva, que trata do assunto, está, no entanto, longe de um final feliz e livre de polêmicas. Os conteúdos proibidos e que podem tirar do ar perfis e contas se restringem `aqueles que incitem a violência ou ameaçarem o sistema eleitoral. Ou seja, falar o resto pode. E ainda tem aquelas dúvidas subjetivas: criticar o sistema eleitoral é o mesmo que “ameaça-lo”? A pergunta seria idiota se fossemos um país sério, mas aqui... Também ficam fora de qualquer rédea as contas mantidas por políticos no poder para divulgação de atos de governança, e havendo contestação, interrompe-se a suspensão do perfil. Enfim, mais papel para abrir processo, como são as leis no Brasil. Temos que parar de governar pensando em proibições e punições e mais em ações positivas. Fake News, por exemplo, se combate com informação séria: cria-se um dispositivo de segurança que as iniba e um selo de qualidade para sites e perfis que não façam uso dela. Como “sites seguros” em termos de credibilidade. E teríamos menos discussão, baderna e polêmica.

Besteirol  em horário nobre
Em sua primeira propaganda política como pré-candidato, em canais abertos de TV, Lula volta a ser mais do mesmo: besteirol puro, populista, enganador de trouxas. Com perguntas retóricas, pretende esculhambar a política econômica de Bolsonaro. Ele indaga: seu salário sobe quando o dólar sobe? Você recebe em dólar? Se o  Brasil é autossuficiente em petróleo, porque aumenta a gasolina por causa do mercado  externo? Ah.... Lula, perseverar no erro não é humano, é burrice. O mercado é internacional, garoto, e a balança comercial dita o preço dos produtos que são vendidos para exportação. Com a perda de valor da nossa moeda, aumenta o preço de produtos que dependam de insumos importados, meu jovem. Vê se aprende. E para de falar besteira pra boi dormir.

O arenque defumado
Já fui vítima do truque retórico do arenque defumado.  Discutíamos a falta de infraestrutura da minha cidade e eu dizia que não era possível recepcionar imigrantes sem a preocupação em dar-lhes emprego e ampliar o mercado de trabalho para acolhê-los. Um polemista, interessado em dar torresmo de graça pra depois vender bicarbonato, me interrompeu, exclamando: “As pessoas não querem trabalhar no país. Não se acham mais empregadas domésticas dispostas a trabalhar, doutor!” Perguntou eu: o que eu estava falando mesmo? O que tem uma coisa a ver com a outra? É a estratégia do arenque defumado, gente, e tem este nome porque era com seu cheiro que antigos caçadores desviavam a matilha de cães para a direção desejada. É o que faz essa espécie de sofista (ou mau filósofo) retórico. Quer te desviar do foco da discussão, porque nela irá certamente perder seu argumento. Se você está falando, por exemplo, da necessidade de fechamento de bares e restaurantes durante a pandemia, o sofista retruca: “O mercado de cervejas artesanais se ressentiu com a pandemia” – nada a ver com nada, mas desvia a atenção. Cuidado com o cheiro do peixe.

O dito pelo não dito:
“As pessoas muitas vezes acham mais fácil refutar um adversário extremo falso do que um verdadeiro mais cauteloso, então eles derrubam o homem de palha”. (Madsen Pirie, filósofo e historiador britânico)