Aprendendo com o Islã
A Shar´ia é a lei sagrada do islã, que muitos confundimos com o Alcorão muçulmano. Esta é a fonte daquela, que é uma espécie de constituição religiosa comum aos países islâmicos, uma interpretação dos textos sagrados da religião muçulmana, em sua maioria presente em autocracias antidemocráticas do Oriente Médio e norte da África. Mesmo nestes países há dois lemas retirados da Shar´ia lembrados e obedecidos entre os povos islâmicos: “Diferença de opinião dentro da minha comunidade é misericórdia de Deus (Alá)”, louvando a liberdade de expressão – mesmo em países tidos e havidos como não democráticos, hein?. E o segundo: “Não há obediência no pecado” – este no sentido de não se obedecer ao governante que afronte as leis sagradas. Interessante verificar que religiosos apelidados de “fundamentalistas” e que vivem uma liberdade questionável sem eleições livres, mesmo assim, respeitem a liberdade de manifestação e se oponham a ordens injustas e a governantes despóticos, usem eles turbantes, coroas ou togas.
Os piores tempos
A atual composição do STF é a responsável por feitos inusitados. Durante o império desta corte, mais Celso de Melo e Marco Aurélio (recentemente aposentados), pela primeira vez se prenderam advogados, políticos e jornalistas/blogueiros por manifestação de opinião. Foi também essa corte que primeiro instaurou inquéritos em que seus próprios membros constam como vítimas, além de também inovar ao mandar instruir investigações policiais por crimes que não existem. Nunca antes se viram abundar tantos pedidos de impeachment de ministros do Supremo como sofrem os de agora. Nesta “gestão”, digamos assim, é que picharam o prédio de Carmem Lúcia, que xingaram Alexandre de Moraes defronte sua residência, que ministros bateram boca acaloradamente e beirando as raias da briga de botequim, em que Facchin e Gilmar compuseram e compõem conferências e videoconferências com líderes da esquerda política do Brasil e do mundo, eventos com altíssimo tom panfletário. Estes ministros estão sendo obrigados a fretar voos oficiais e a andarem disfarçados ou com fortíssima segurança armada – também foi este STF que mais investiu em blindagem e armamento pesado para garantir sua segurança interna. Por causa desta corte de justiça é que o parlamento e o povo estão discutindo a vitaliciedade dos juízes, e é por causa dos atuais ministros que já se cogitou fortemente fechar o STF.
O senado e Alexandre de Moraes
Se o Senado Federal não autorizar instauração do procedimento de impeachment de Alexandre de Moraes, ao menos para discussão e escrutínio do alcance e da motivação das decisões deste ministro, estará mostrando ao Brasil que não é mais necessário senado na República. Aliás, nunca entendi e não aceito sistema bicameral, o maior desperdício interno de dinheiro público. Não só por aqui, nos EUA e em um monte de países desenvolvidos é assim, e em nenhum deles se justifica na prática a existência de duas casas legislativas. Amplie-se uma delas um pouco, se for o caso, mas discussões políticas e legislativas em duas câmaras de poder com idêntica função de produzir leis é um bis in idem desnecessário e grotesco.
A força da Direita
A Europa inteira flerta com o pensamento político conservador, não porque o povo tenha se “transformado” e passado a abraçar ideologias de direita, mas porque grande parte da população é de fato conservadora: valoriza tradições, religiões, família, meritocracia e trabalho. Esse pessoal antes não tinha voz, porque a mídia estava na mão de poucos que não davam espaço para essa parcela considerável da população que pensa diferente da esquerda de barzinho ou extrema que governa o mundo. Há ainda um outro pormenor que referenda o crescimento das direitas, não o pensamento conservador, mas a decepção diante da incompetência das esquerdas que alcançaram o poder e que, além de não cumprirem promessas populistas, foram desmascaradas sucessivas vezes por sua desonestidade intelectual e moral obscenas. Fernando Gabeira, sem se aperceber disso, em um programa de TV se perguntou (retoricamente) porque inflava o grupo conservador que antes nunca havia ultrapassado os 10% do eleitorado dos povos do mundo. A resposta está aí e é essa. De novo, na França, a família Le Pen arrisca-se a tomar o poder do menino mimado Emanuel Macron – e lá não tem suprema corte para ajudar na reeleição do presidente francês.
O Quaternio
João é pai de Pedro e Pedro é pai de Paulo – logo, João é pai de Paulo (e não avô). Esse tipo de falácia é toda hora usado no discurso político e se chama “quaternio”, porque interliga quatro conceitos isolados e sem conexão lógica. É isso o que está fazendo sem querer e coberto de boas intenções o senador Confúcio Moura (MDB – RO), que quer realizar audiência pública para discutir os efeitos da pandemia no aumento da violência escolar. Eis seu raciocínio: “ A pandemia interrompeu as aulas presenciais. Depois que as aulas voltaram aumentou a violência escolar. Logo, a pandemia aumentou a violência escolar”. Viram? Acontece toda hora.
O dito pelo não dito.
“Não é forte quem derruba os outros; forte é quem domina a sua ira”. (Maomé – profeta criador do Islamismo).