A falência russa
A principal consequência da guerra é econômica. Duas grandes guerras mundiais tornaram os Estados Unidos a grande potência que é hoje, o que não teria ocorrido sem a destruição das finanças dos países europeus durante os dois conflitos armados ocorridos no século 20. Portanto, governantes podem e devem se preocupar com seus cofres quando decidem pegar em armas, principalmente quando deflagram guerras invasivas, como é o caso da Rússia de Vladimir Putin em sua incursão impensada à Ucrânia. Putin vai levar seu país à bancarrota - é esta a previsão de especialistas da União Europeia. A pátria de Putin procura resgatar antigos territórios que perdeu quando a União Soviética se fragmentou após a queda do muro de Berlim, mas não conseguirá fazê-lo pegando em armas. Este tempo já passou e a lição é antiga, mas Putin não a assimilou, e vai quebrar seu país com as despesas da guerra e o boicote econômico e financeiro que já sofre e que não irá ser interrompido tão cedo. A guerra é, mais do que nunca, um péssimo negócio.
Recado às esquerdas
Vão trabalhar, pelo amor de Deus! Bolsonaristas fazem motociatas e líderes do PT entram com ação eleitoral pedindo que o presidente seja multado por isto, por propaganda eleitoral extemporânea (fora do prazo). Ora, a motociata foi uma manifestação de apreço pelo atual presidente da República, não um pedido de votos – mas vá lá, ainda que o fosse, e por isto muitos são contra reeleições, é impossível dissociar a figura do presidente da figura do futuro candidato à reeleição. E quando Lula sai defendendo que sindicalistas invadam casas de deputados, o que é ? Troca de ideias ou propaganda antecipada? Portanto, esquerdas (com o PT à frente), atenção: vão trabalhar, se quiserem recuperar o patrimônio político quase inexoravelmente perdido. Com essa choradeira petista, o que Lula irá conseguir fazer de útil é reeleger Jair Bolsonaro.
Terrorismos
O retorno da onda de terror nos EUA e na Europa, com explosões e tiros em New York e Londres, é de todo lamentável, mas está longe de ser algo inesperado. Quando comecei a viajar para a Europa surpreendeu-me o caldo cultural de etnias e credos e as fronteiras absurdamente permeáveis do velho continente. Entra quem quer, entra de tudo: idosos, evangélicos, muçulmanos, radicais políticos, crianças sem os pais, cachorros sem os donos, uma bagunça. Não há controle de fronteiras coerente e regular. Quanto aos Estados Unidos, pagam caro por eleger um presidente bundão. Biden, que é muito fraco, permitiu a invasão da Ucrânia pela Rússia e agora mostrou pros fundamentalistas islâmicos que não é de nada. Fraqueza atrai agressividade – dizia Olavo de Carvalho, com a habitual razão.
Fundamentalistas
Vamos ir um pouquinho além na discussão sobre o terrorismo? Terroristas surgem do perigoso raciocínio de que os fins justificam os meios, tão caro e comum entre as esquerdas, e não em decorrência de credos religiosos. A religião é o estopim de um tonel repleto de pólvora que já existe no raciocínio político daqueles que estão dispostos a matar ou morrer por uma causa. E não confunda, por favor, o fundamentalismo religioso com a cultura islâmica. Pra princípio de conversa, o termo “fundamentalismo” nasce nos Estados Unidos como uma maneira pejorativa e preconceituosa de católicos se referirem à vertente puritana do protestantismo pentecostal, o que chamamos de “evangélicos” no Brasil. Nada a ver com o Islã, e em árabe nem se conhece a esta expressão “fundamentalista”. Aliás, para os muçulmanos que cultivam um estado religioso em que as regras da igreja se confundem com àquelas do Estado, os não muçulmanos são infiéis e inimigos políticos e não simplesmente fiéis de outras crenças, como é no mundo ocidental. Os fundamentalistas islâmicos matam pessoas em atentados terroristas deflagrados em países que apoiam àqueles que os radicais muçulmanos consideram inimigos do Islã porque procuram secularizar o mundo árabe, tornando-o menos religioso. É por isso. Não por fé ou credo. Não é Alá que manda matar, portanto, são políticos idiotas que o fazem, e fazem assim, começando pelas beiradas: incentivando conflitos de terras, tomando propriedades e empresas, mandando invadir parlamentos e casas de políticos. Com o tempo, vem os atentados à bomba e tiros contra multidões inocentes. .
A reificação
Nossas palavras não tem o poder de evocar a existência real. Portanto, quando evocamos e descrevemos uma qualidade ou atributo, isso não quer dizer que ele exista de fato. No entanto, na falácia da reificação ou hipostasiação, o mau filósofo ou o retórico malandro tentam tornar a qualidade um sujeito. É bastante comum e assustador, porque passa desapercebido. Fala-se, por exemplo, da liberdade: “Não há liberdade onde impera o trabalho escravo”. A liberdade deixa de ser atributo para virar coisa, observe. Recentemente atribuíram a Jair Bolsonaro o catastrofismo econômico, quando nosso presidente enfatizava os problemas que o distanciamento social iriam causar à empregabilidade e aos mercados mundiais. Passado o pior da pandemia, os índices e analistas econômicos confirmaram o vaticínio Bolsonarista, mas mesmo assim a retórica da reificação continua apadrinhando o presidente brasileiro de falso profeta de uma crise econômica mundial que, afinal, chegou.
O dito pelo não dito
“Somos favoráveis ao terrorismo organizado – isto deve ser admitido francamente.” (Vladimir Lenin, político comunista russo e ex-presidente da União Soviética).
RENATO ZUPO – Magistrado, Escritor