ENTRETANTO

Entretanto

Por: Renato Zupo | Categoria: Justiça | 10-08-2022 00:02 | 371
Renato Zupo
Renato Zupo Foto: Arquivo

Brasil Paralelo
Iniciativas como a da plataforma Brasil Paralelo surgem para verdadeiramente libertar o acesso à informação. Sem preocupação com anunciantes ou interesses econômicos , que são indispensáveis, mas  não devem nunca orientar pautas ou linha editorial jornalística, os programas muito bem produzidos e apresentados mostram ao país um outro lado da intelectualidade que foi ofuscado por décadas por linhagens de editores e veículos de imprensa e editoras que impediram a divulgação de obras e teses conservadoras no Brasil. Só com as midias sociais e, depois, com o streaming, é que realmente se democratizou o acesso à informação. E só através de iniciativas como a do Brasil Paralelo, do Terça Livre e, principalmente, de Olavo de Carvalho, é que o outro lado da cultura e do conhecimento chegaram, tardiamente, à nossa classe esclarecida de até então pseudointelectuais.

Conhecendo ao inimigo
Digo de dois vieses de um mesmo conhecimento de mundo porque os admito e, como digo aos meus alunos, é muito necessário conhecer o pensamento do “inimigo”, do adversário ideológico. Há muitos excelentes pensadores de esquerda com prosa de altíssima qualidade, quase poética, que devem ser lidos e estudados, até para que se possa deles discordar, verificar lhes a contradição no pensamento dito progressista - como aconteceu com Sartre, o existencialista que acreditava que o ente sem o ser seria nada e que depois adere ao comunismo coletivista que despersonaliza pessoas. Todo esse pessoal merece exposição, sim. Só que, estrategicamente, o outro lado da “inteligentzia” mundial ficou oculto e obscurecido pela indústria da mídia, simplesmente porque não comungava dos mesmos princípios que então comandavam o famigerado “politicamente correto” que começou a orientar paulatinamente aos nossos jovens, faculdades e professores. Que viraram palpiteiros militantes, e não mais livres pensadores.

Abertura cultural
O fenômeno a que batizei “abertura cultural” (ainda vai virar livro) permite, a partir de Olavo de Carvalho, o acesso ao conhecimento dos grandes mestres do passado e do presente, os primeiros esquecidos, os contemporâneos carecendo de atenção e divulgação. Assim é que surgem ou ressurgem Manuel Ferreira dos Santos, Otto Maria Carpeaux, Rogere Scrutton e, principalmente, Eric Voegelin. A este último soa incompatível o marxismo comunista, lê-lo é como acordar do torpor hipnótico da esquerda intelectual. Você pode achar que tenha sido mera coincidência que tantos e tão bons autores tenham permanecido esquecidos por tanto tempo, ou não descobertos, todos (de novo “coincidência”?) conservadores e em sua maioria católicos. Como você também pode acreditar em contos da carochinha. Fique à vontade. E viva o Brasil Paralelo!

Lindora
A vice PGR não tem, mas deveria ter, metaforicamente, “saco roxo”. Falou o óbvio: temos ministros que atropelam regras processuais em larga escala, e é um absurdo que um mesmo tribunal ou juiz atue no mesmo processo em que é vítima direta ou indireta, isto com base em regimento interno do STF. A vice PGR Lindora Araújo vai na esteira de Augusto Aras, dando exemplo de verdadeira imparcialidade em suas ações e pareceres, como deveria ser sempre em torno da atividade dos juízes e promotores. Não há “quebra” ou “racha” dentro do Ministério Público Federal - há procuradores aparelhados ideologicamente e aqueles que agem como magistrados tornados parte, como deve ser e como nos dizeres de Carnellutti.

O Documentário Daniela Perez
Do caso da então jovem atriz global Daniela Perez, morta a facadas cruelmente trinta anos atrás, todos sabem. A novidade é o documentário de agora, que conta com o apoio da mãe da moça, a dramaturga Glória Perez, perenizada em sua dor. Respeito mães e pais de vítimas de crimes violentos, porque ações desta natureza subvertem a ordem natural da vida e nos retiram precocemente a entes queridos que deveriam nos suceder. É indizível a dor. Glória, ao exigir que os psicopatas que mataram a filha não fossem ouvidos durante o documentário, está certíssima do ponto de vista de mãe. Todavia, juridicamente e do ponto de vista ético-jornalístico, não é possível ouvir uma parte sem ouvir a outra, antagonizando versões em um trabalho sério de reconstrução de fato histórico recente e tão importante.

Beijo do Gordo
Jô Soares era um profissional multimídia quando este termo sequer existia e trouxe para o Brasil o stand up comedy, de novo um precursor. Migrou entre o riso e a informação e foi o maior entrevistador do Brasil por mais de vinte anos. Renova no humor nacional quando retira os cacoetes e jargões das enquetes e foca a graça no texto, sempre dele próprio, de Max Nunes ou Luís Fernando Veríssimo, todos gênios das piadas curtas. Foi o maior de sua época, falava cinco idiomas e escreveu best sellers, todos graças a Deus hoje compondo minha biblioteca. Beijo do gordo.

O dito pelo não dito
“A melhor maneira de aprender a ser feliz com alguém é ser feliz sozinho.” (Jô Soares, humorista e escritor brasileiro).

RENATO ZUPO
Juiz de Direito na Comarca de Araxá, Escritor