A carta da democracia
Ou carta da USP, como queira, só tem fachada de manifestação suprapartidária descomprometida com o resultado das eleições próximas. Vivemos um tempo de intensa exposição em que tudo é propaganda, e a carta da democracia não é diferente, bombardeando o atual presidente da República por tabela, porém sem sutileza alguma. Insinuam que as críticas feitas por Bolsonaro e seus apoiadores às urnas eletrônicas seriam uma forma de ameaçar o processo democrático das eleições – sem razão, sempre. Não virá ódio e desrespeito às leis do lado destro da política, e para que se chegue a esta conclusão basta uma rápida investida na nossa história recente. Os conservadores, quando atuam politicamente, não incentivam a baderna, não paralisam o funcionamento de setores produtivos da sociedade, não dão facada, não simulam atentados. Policiar a crítica livre, isto sim é fascismo. E esse pessoal da USP, será que acordou? Entenderam que não representam coisa alguma, que ninguém os conhece, que não tem importância alguma aos olhos do povo?
Deflação
Deflação é o nome que se dá ao fenômeno da diminuição da inflação, o que só aconteceu no Brasil até agora. Os preços baixaram em números absolutos, graças em parte à política governamental, também por conta do final do rescaldo da pandemia e quando a economia aquietou com a crise decorrente da guerra da Ucrânia e viu que o capeta não é tão feio assim, Putin não é assim tão maluco e o presidente ucraniano Zelenski é o que a gente chamava antigamente no meio do rock juvenil de “poser”. Se abrir a geladeira, Zelenski sai dando entrevista animado com a luz do refrigerador. Do jeito que a economia brasileira vai, daqui a pouco Paulo Guedes me convencerá que é um grande economista e que, afinal de contas, estava certo.
Por que a França implica com o Brasil?
Poucos sabem, mas o país limítrofe ao Brasil com maior área de fronteira conosco é a França (!!!), por conta da sua Guiana, na região amazônica. Isto nos faz vizinhos de Macron e seus comandados e o presidente francês nunca cansou de pegar no pé de Bolsonaro, talvez porque seja ele um dos raros exemplares com alguma popularidade da denominada “esquerda caviar”, que os próprios franceses chamam também de “esquerda de baton”. É o socialista com um BMW na garagem, um pôster do Che na sala, levando a família pra Disney no final do ano. Este é Macron. Paulo Guedes outro dia botou um ministro dele pra correr em um congresso: falou pro francês o que eu já disse aqui, que nos criticam pelas queimadas na Amazônia, mas não conseguiram conter o fogo da histórica catedral de Notre Damme. Devem mesmo parar de encher o saco. Desse jeito, eu já disse, vou acabar fã do Paulo Guedes.
Weber no comando
Talvez Rosa Weber, discreta, prudente e por isto uma verdadeira magistrada, consiga conter os ânimos de seus pares ativistas e tenhamos um STF com componentes mais contidos doravante. Está na hora de por água na fervura, função tradicionalmente atribuída ao Poder Judiciário. Só no Brasil a deusa da justiça usa mais a espada que a balança, e tira a venda do olho esquerdo, mas mantém cego o lado destro.
Em Cingapura e aqui
Acaba de ser votado e autorizado o aumento salarial dos ministros do STF – doravante eles vão ganhar quase cinquenta mil reais por mês, gerando um efeito cascata que irá alcançar não somente todos os magistrados, mas também a todos os servidores públicos do país. Não acho que o salário será estratosférico se se restringir a isto, sem penduricalhos. O que o público não entende são os adicionais, paletós, etc... que no fundo servem para recompor perdas salariais. Acho também que membros do alto escalão do governo devem receber salários condizentes com a pompa do cargo, mas sem exageros – e que correspon-dam enquanto estiverem na ativa! O segredo de Cingapura, hoje no primeiro mundo e talvez o maior dos tigres asiáticos, foi ocidentalizar sua administração, pagando para seus representantes eleitos salários dignos de grandes empresas multinacionais. Para que se tenha uma ideia, o presidente de Cingapura ganha salário maior do que o do presidente americano. Assim, atraíram os melhores para o setor governamental e tornaram pouco atrativa a corrupção. No Brasil, funcionaria com maior vigilância sobre a eficiência das atividades governamentais. Pague-se bem, mas cobre-se muito e fiscalize-se mais ainda.
Bolsonaro no Flow
Nosso presidente está fazendo discursos mais longos que os de Fidel Castro – e eu só vou comparar os dois nisso, não se assustem. No Flow ele ficou por cinco horas e alcançou milhares de compartilhamen-tos. Deve ser por isso que o lado de lá da politica segue com cartas democráticas e preocupado, com uma barulhada apavorada da classe artística e intelectuais de botequim, apesar dos números alvissare-iros (para eles) das pesquisas questionáveis e malucas.
O Dito pelo não dito:
“A esquerda é boa para duas coisas: organizar manifestações de rua e desorganizar a economia”. (Castelo Branco, ex-presidente brasileiro).
RENATO ZUPO – Juiz de Direito na comarca de Araxá, Escritor