ENTRETANTO

Entretanto

Por: Renato Zupo | Categoria: Justiça | 14-09-2022 21:37 | 2621
Renato Zupo
Renato Zupo Foto: Arquivo

A Massa
Olavo de Carvalho vaticinou em 2003: o primeiro líder político que escancaradamente fosse conservador e de direita arrebataria o governo e o país pelas mãos do povo. Precisou da Lava Jato para fazer terra arrasada no cenário político brasileiro (um erro), para que Jair Bolsonaro saísse dos nichos obscuros do baixo clero da Câmara dos Deputados para empolgar as massas, como o faz desde a pré-campanha de 2018. Ainda assim, Olavo tinha razão. Não adianta aos institutos de pesquisa negarem o que os nossos olhos veem, ou viram, neste 7 de setembro histórico. O presidente é o político mais popular do país, hoje, e só não leva a reeleição no primeiro turno porque são muitos os seus detratores e é muito grande sua rejeição. No segundo turno, no entanto, vai ganhar de Lula como deve ser: nas urnas. Sem tapetões, porque o tapetão hoje é vermelho e tem foice e martelo. 

O legado de Bolsonaro
Há magistrados de intelecto tísico que cogitam proibir a vinculação da campanha da reeleição de Jair Bolsonaro às imagens da bandeira nacional. Pecam porque a lei permite a qualquer um utilizar nosso pavilhão e demais símbolos da República para qualquer finalidade que não os degrade e, inclusive, para campanha eleitoral. Além disso, a se presumir que Bolsonaro usa a bandeira para ganhar votos, teremos que concluir que está em campanha há quatro anos porque enaltece os símbolos da pátria, todos eles, desde que assumiu o poder. Por estas e outras, muitos são contrários à reeleição, que cria um palanque para o atual gestor tentar manter-se no cargo por mais quatro anos. Aliás, FHC em seu “Diários da Presidência” conta porque articulou e urdiu a reeleição via emenda constitucional em seus primeiros anos no Palácio do Planalto: Sarney e Itamar eram candidatíssimos a retornar, o que poria a perder o plano real e a contenção da inflação com incremento econômico jamais visto na história recente do país. A adoção da reeleição nos livrou do perigo Sarney, que foi o presidente da hiperinflação, ou do bondoso Itamar, que geriu em mandato tampão à nação após o impeachment de Collor e que não detinha mais articulação política para voltar ao cargo. Honesto, porém defasado, já à época. O legado de Bolsonaro deixará às gerações pósteras não será o mensalinho da rachadinha de Fabrício Queiroz, ou os imóveis comprados com dinheiro vivo, ou os depósitos em conta de Dona Michele. O que o presidente deixa para os brasileiros do futuro é o retorno do patriotismo, do amor à bandeira e ao hino, o regresso do civismo posto em pauta como gerador do pertencimento nacional, indispensável para discutir e fazer política sem polarizações perigosas e inúteis.

Ku klux Klan
O nome da antiga seita racista do sul dos EUA foi apenas balbuciado por um Lula pouco afeto à pronúncia do inglês. Aliás, do Português também, e do “brasileiro”, dizem as más línguas. Mentiu, como sempre faz, porque se referia ao fato de só haverem manifestantes brancos e ricos nos eventos de 7 de setembro estrelados pelo presidente da República. Por que não havia negros, segundo Lula, ali deveria ser reunião da Ku Klux Klan e não comício irregular em busca de votos – erradíssimo, né? Havia gente de todas as classes sociais e todas as cores nestes eventos. Lula só não quer enxergar. Aliás, o que não topo na esquerda é sua vocação para denegrir com mentiras àquilo que não pode combater com ideias, e nesta esteira vão deteriorando o relacionamento institucional e incrementando o ódio entre classes, batizado na ignorância alimentada no Brasil, fazem décadas, principalmente pelo Partido dos Trabalhadores, o PT.

Quem é o fascista?
As pessoas não sabem que o fascismo foi uma resposta da ultradireita contra o comunismo que ameaçava a coroa italiana durante os anos entre as duas guerras mundiais na primeira metade do século 20. O fascismo foi um comunismo às avessas, totalitarista e que expurgava, por seu lado, opositores e religiosos. Comparar um presidente que é religioso e admite uma oposição que já quase lhe tomou a vida é, no mínimo, ignorância histórica. Na pior das hipóteses, crime de calúnia. Atentem, por favor, para os verdadeiros ditadores, no Brasil e no mundo, na atualidade. Noriega, que assassina padres (esquerda), os Castristas de Cuba (esquerda), o Ping Pong da Coreia do Norte. Aqui, no Brasil, temos um ministro do STF que proíbe ações policiais em favelas do Rio e outro que quer criar uma polícia secreta própria dentro do Supremo – comparem e depois me digam.

Elizabeth II.
Ainda vou falar mais sobre Elizabeth de Windsor aqui – recomendo “The crow!”, série da Netflix que trata justamente sobre o longo reinado de Elizabeth desde a sucessão tumultuada do pai no rescaldo da Segunda Grande Guerra até os dias de hoje, passando por Lady Diana, a crise da coroa, a infidelidade do marido, Margareth Thatcher e tudo o mais. É o retrato fiel de uma das mulheres mais fortes do mundo de todos os tempos, e que para sê-lo não precisou levantar bandeiras estridentes ou impor sua vontade à ferro e fogo. Nós brasileiros não compreendemos o amor britânico pela coroa inglesa, porque não percebemos que, por lá, é uma questão de apego nostálgico à história e ao pertencimento. A coroa é um símbolo da Inglaterra, e assim prosseguirá sendo por séculos e séculos, se Deus quiser, muito embora nunca mais apareça outra Elizabeth de Windsor.

O dito pelo não dito.
”Sempre foi fácil odiar e destruir. Construir e valorizar é muito mais difícil.” (Elizabeth de Windor, rainha da Inglaterra).