ENTRETANTO

Entretanto

Por: Renato Zupo | Categoria: Justiça | 19-10-2022 07:12 | 2184
Renato Zupo
Renato Zupo Foto: Arquivo

Buscando pelo óbvio
Finalmente se vai instaurar CPI e inquérito, via Polícia Federal, para aferir a idoneidade dos institutos de pesquisa. Não precisava tanto. O grave problema deles é que são considerados indicadores da tendência de votos do eleitorado, e assim instituições de utilidade pública. Ou eram assim considerados, até o primeiro turno. Sua credibilidade deveria ter caído bem antes e bastaria que estes institutos fossem tratados como formadores de opinião e fornecedores de propaganda eleitoral – e tratados como tal pela legislação e pela justiça eleitoral. Isso resolveria de vez o problema. As falsas pesquisas ou erram feio (e só pra um lado) ou são tendenciosas, e em quaisquer dos dois casos não podem continuar ajudando a orientar aos eleitores brasileiros na época do voto. 

O vizinho bravo
Ronald Reagan vem sendo revisitado pela imprensa e pelos pensadores, que antigamente o consideravam um cowboy reacionário e um ator de terceira categoria alavancado à presidente dos EUA, a maior potência mundial. Hoje, sabe-se que era um homem cultíssimo e o verdadeiro responsável pela queda do muro de Berlim e pelo fim da Guerra Fria contra a União Soviética, que desmantelou ao lado de Gorbachev. Sucedeu que Reagan incrementou o armamento nuclear norte americano quando começavam as discussões em sentido oposto, com diversos organismos internacionais (com a ONU à frente) buscando diminuir o poder bélico das grandes potências para inibir o que poderia vir a ser mais uma guerra mundial. A todos, Reagan respondia que o importante em termos armamentistas não era a destruição, mas a dissuasão. Ou seja, você não vai mexer com este ou aquele país, porque eles têm bombas. É o que Putin faz agora, aplicando o poder nuclear russo como grande ameaça para o mundo ocidental livre e democrático que hesita em entrar em uma guerra em que todos os lados sairiam perdendo. É como se você tivesse um vizinho bravo que é ignorante e anda armado. Não iria mexeria com ele, não é? Há diversos vizinhos bravos no mundo. Esperemos que não lutem entre si.

 O Incriticável
Lula parece alforriado de qualquer crítica, ao menos nas propagandas de seu adversário à corrida pelo Palácio do Planalto. A última do TSE foi proibir trecho do horário político de Bolsonaro em que aparece o governador reeleito de Minas, Romeu Zema, criticando a Lula e ao PT. A se proibir candidatos de mostrarem apoiadores ou de criticarem ao adversário, se está proibindo político de fazer política. É melhor evitarmos as eleições, amigo, fazendo disso aqui uma monarquia em que o rei escolhe seu ministério e que, morto, é sucedido pelo  príncipe (ou princesa). Eleições livres passam por propaganda livre e livre manifestação de pensamento. Pena que estas decisões caiam só para um lado da luta político-partidária. É como se um trovão seguido de chuvarada caísse só de um lado do rio, deixando o outro seco e sem um pinguinho de chuva. 

Domínio mundial
Quem se refestela do conflito entre Rússia e o resto do mundo por conta da Ucrânia é a China – sua economia nunca andou tão bem e seus governantes não avermelham a cara pela geração de uma epidemia com milhões de mortos pelo mundo. Aliás, lucraram com ela, vendendo máscaras, oxigênio e vacinas. Não que tenha sido intencional, mas que caiu como luva, caiu. Já dominaram Hong Kong, uma ilha pseudo-livre sob o domínio inglês até pouco tempo atrás e agora planejam anexar Taiwan, ou Formosa, a China livre capitalista que não tem status de país perante a ONU e é formada por dissidentes do  comunismo chinês. E vão anexar mesmo. A China não tem a seu lado somente o poder dissuasório de potência atômica: sua economia, se parar, nos mata de fome. Se a China parar de produzir e vender e comprar paralisa o mundo. E os chineses, desgraçadamente, sabem disso. A melhor maneira de manter a China, politicamente, a uma distância segura, é fortalecendo aos EUA. E estive lá recentemente lançando mais um de meus livros e, creiam-me, a economia anda mal e o povo por lá está com saudades de Donald Trump.

Debates valem?
Júlio César seguia aos conselhos de seus apoiadores e dava pão e circo ao povo romano para fustigar qualquer insatisfação coletiva. E funcionava. Aliás, sempre funcionou. Que o diga a classe média brasileira padrão, que com dois carros na garagem e viajando pra Disney não está nem aí pra política, políticos, escândalos de corrupção, etc... Vale o que se tem no bolso. Se apertar a economia, aí começam as insatisfações e se vai procurar aos “culpados”, outra mania nacional. Temos que punir alguém pelas nossas mazelas. Com os debates presidenciais neste segundo turno se vai ter um pouco de circo, somente, porque todos já conhecem os perfis de Bolsonaro e Lula, para o bem e para o mal. Debate não vira voto a essa altura das eleições.

O Dito pelo não dito.
“Se os porcos pudessem votar, o homem com o balde de comida seria eleito sempre, não importa quantos porcos ele já tenha abatido no recinto ao lado”. (Orson Scott Card, escritor norte americano).

RENATO ZUPO – Juiz de Direito na Comarca de Araxá, Escritor