AJUDA DO GOVERNO

Cafeicultores cobram ajuda do governo para recuperar a produção prejudicada

Representante do governo anuncia R$ 160 milhões para recuperação de cafezais danificados por intempéries
Por: Roberto Nogueira | Categoria: Agricultura | 07-12-2022 14:12 | 1271
Comissão recebeu produtores e governo para discutir crise na cafeicultura
Comissão recebeu produtores e governo para discutir crise na cafeicultura Foto: Bruno Spada/Camara dos Deputados

Cafeicultores pediram ajuda a deputados para socorrer a produção de café em Minas Gerais, prejudicada pelas chuvas no estado. Em audiência na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, na terça-feira,6, produtores solicitaram mais recursos para o setor e um seguro que seja efetivo, com participação do governo.

Na área de abrangência da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), por exemplo, o granizo que caiu em outubro e em novembro atingiu mais de 28 mil hectares e afetou mais de 2,7 mil produtores cooperados. Segundo o gerente de Desenvolvimento Técnico da cooperativa, Mário de Araújo, pelo menos 230 mil sacas de café foram perdidas. Em algumas propriedades, disse, foi como se tivesse caído “uma bomba em cima da lavoura”.

Nos meses de outubro e novembro várias regiões de Minas Gerais sofreram com fortes chuvas, inclusive com queda de granizo. Levantamentos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) mostram que mais de 100 municípios registraram a ocorrência de chuvas de granizo no meio rural, que causaram grandes prejuízos nas lavouras, principalmente as de café. Os municípios de são Sebastião do Paraíso, Campos Gerais, Campestre e Nova Resende, nas regiões do Sul e Sudoeste do estado, foram os que registraram as maiores áreas com ocorrência de granizo. Estimativas apontam quee em Paraíso a queda na safra de 2023 poderá chegar próxima de 50%.

“O granizo repercute em toda a sociedade que gira ao redor do cafeicultor, especialmente no sul de Minas, onde há dependência dessa atividade econômica tão gratificante. A atividade que mais distribui renda é a cafeicultura de montanha. Os nossos governos têm que ter uma sensibilidade muito grande em relação a isso”, afirmou Araújo.

O deputado Emidinho Madeira (PL-MG), que sugeriu o debate, anunciou que já tem reuniões agendadas para tratar do assunto no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e no Banco do Brasil. Ele ressalta que o setor agropecuário como um todo vem desde o início da pandemia enfrentando uma elevação de custos de produção e redução de capacidade de pagamento de dívidas em decorrência do substancial encarecimento de insumos, como fertilizantes, combustíveis e defensivos agrícolas, cujos preços são atrelados à cotação do dólar.

Além disso, segundo o parlamentar os produtores foram afetados com outros eventos climáticos como as estiagens prolongadas há 2 anos, as geadas do último ano e, agora antes mesmo da sua recuperação, foram atingidos com as chuvas de granizo”, ressalta

Ainda conforme o gerente da Cooxupé as atividades em torno do cultivo de café continuam ao longo do ano e não somente no período de safra. “O café não para. Daqui a uns dias, a chuva vai embora, e é o momento da adubação: novembro, dezembro e janeiro”, observa.

Emidinho defendeu a necessidade de recursos para ajudar a manter as atividades cafeeeiras nas lavouras.  Nós precisamos que os bancos busquem uma gordura a mais no Ministério da Economia, precisamos de mais recursos”, defendeu o parlamentar. “Também a questão do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar): precisa aumentar o teto de R$ 200 mil para R$ 300 mil para o pequeno produtor. Com R$ 200 mil hoje você não compra um tratorzinho cafeeiro.”

SEGURO PARA O CAFÉ
Da parte do governo federal, o diretor de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese, disse que há R$ 6 bilhões disponíveis para o setor, dos quais 80% já estão nas mãos dos produtores. E, neste ano, são R$ 160 milhões para recuperação de cafezais danificados por intempéries. Ele citou ainda o seguro para o café, com subsídio de 40%.

Já o subsecretário de Política e Economia Agropecuária de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, disse que o estado está reativando o programa Minas + Seguro, de subvenção econômica para o seguro rural. “Poderemos ampliar o aporte de recurso, complementando o programa de subvenção federal. A expectativa é [o estado] contribuir com 20% do prêmio do seguro”, informou.

Na opinião do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), o Brasil não pode abrir mão de ser líder mundial na produção de café. A cafeicultura brasileira, segundo ele, é patrimônio nacional e todo esforço político deve ser feito para impulsioná-la.
(Com informações da Agência Câmara de Notícias)