ENTRETANTO

Entretanto

Por: Renato Zupo | Categoria: Justiça | 11-01-2023 13:01 | 3900
Renato Zupo
Renato Zupo Foto: Arquivo

O nosso Adélio
Prenderam um cidadão paraense, pretenso empresário, imiscuído em planos terroristas de deflagrar bombas em  espaços públicos nos arredores de Brasília. Para a grande mídia, um terrorista intencional  sem desculpas, quase um criminoso de guerra. Curioso que Adélio Bispo foi considerado insano pelos veículos de comunicação (sempre os primeiros a julgar) e pela justiça, quando tentou matar o então candidato Jair Bolsonaro. Do lado de lá, o cara é doido. Do lado de cá, terrorista. É assim que funciona.

Augusto dos Anjos
O poeta simbolista Augusto dos Anjos já dizia que a mão que afaga é a mesma que apedreja e que o beijo amigo é o prenúncio do escarro. O governo Lula seguiu à risca a antiga lição poética e, por um lado, brecou novos cursos de medicina. De outro, revigorou o programa “Mais Médicos”, com ênfase para o acolhimento de profissionais estrangeiros – adivinhem de quais países? Ou seja, o (novo) governo federal cria a falta de médicos e, por conta dela, importa profissionais de Cuba e Venezuela. Incrementar o mercado, melhorar as faculdades, permeabilizar o acesso ao ensino superior, otimizar o atendimento à saúde em todos os níveis... dessa cartilha o atual novo governo nada entende, parece.

O cearense da mega
Um cearense ganhou a megasena da virada do ano. Ficaria milionário, mas como o pagamento eletrônico do bilhete de loteria que comprou foi estornado, deixou de receber e o impasse, é claro, vai acabar nos tribunais. Vislumbro inúmeras teses jurídicas para solucionar o problema, tudo para que não seja necessário recorrer ao STF. Se chega lá, bloqueiam as contas bancárias do apostador, metem tornozeleira eletrônica no dono da lotérica, cancelam as redes sociais dos responsáveis pelo concurso, prendem o presidente da Caixa Econômica Federal.

Flávio Dino
O atual ministro da Justiça é, ou foi, Juiz Federal antes de seguir carreira política. No meu tempo de ingresso na magistratura, e não faz tanto tempo assim, política partidária era palavrão para juiz. Tanto que um desembargador amigo contava, na Escola Judicial, que desavisadamente tomou uma cerveja com um candidato a prefeito da cidade em que atuava quando era juiz. Apavorado ao descobrir a gafe, correu para a casa do adversário – como quem também tomou uma cerveja para “empatar” o jogo.  Não se fazem mais juízes como antigamente e a qualidade de uma nação se mede, diretamente, pela qualidade de seus juízes e professores.

Os terroristas à direita
Eu cansei de repetir em todos os meus canais e conteúdos, direcionando-me diretamente aos manifestantes nas portas dos quarteis do país, com ênfase em Brasília: vão pra casa, gente, que em quatro anos tem mais. Travaram o bom combate e não perderam a fé, agora chega e vamos trabalhar. Não ouviram. Deu no vandalismo que se viu na capital federal, lamentável. Deram ao governo federal a desculpa que faltava para trata-los como terroristas que, tecnicamente, podem até ser – sopesadas e comprovadas as condutas. Tem muito inocente útil imerso nessa bagunça por absoluta estupidez. Tem eleição pra presidente de quatro em quatro anos, assim como Copa do Mundo e Olimpíada. As reivindicações podem ser justas, as suspeitas sérias, mas não é se equiparando a vândalos e praticando as práticas histori-camente imputadas à esquerda é que se irá virar o jogo político.

Constantino e Fiúza
Gosto muito do trabalho dos jornalistas Rodrigo Constantino e Guilherme Fiúza, principalmente sua produção literária, sobretudo Constantino, que acompanho há vinte anos. Indefensáveis as medidas judiciais a eles impostas, bloqueio de contas bancárias, cancelamento de redes sociais, etc... Vem aí tornozeleira eletrônica, quem sabe? Este tipo de medida extrema imposta a alguém simplesmente porque manifesta sua opinião, seja ela qual for, concorde você com ela ou não, é coisa de caudilho de republiqueta de bananas de quinta categoria de terceiro mundo, como dizia meu pai. No entanto, um erro não justifica o outro: Fiúza e Constantino abandonaram o bom tom da imparcialidade jornalística há tempos e passaram a adotar o tom panfletário/partidário. De tanto combaterem as esquerdas que dominam a grande mídia, passaram a praticar o defeito idêntico, só que reverso: assumiram-se conservadores de direita e passaram a apregoar política ao invés de comentá-la. Hoje, amigos, o stablishment, o sistema, é de esquerda. Se querem combate-lo, preparem-se para sofrer como redentores, mártires ou inocentes vítimas. 

Política criminal
O fim maior da tutela judicial penal não é a ressocialização do criminoso ou a punição do crime, é a pacificação social. Por ela, desde que conforme a Constituição, tudo deve fazer o juiz criminal. Edson Facchin e seus pares se descuidaram deste pormenor, agiram como juízes novatos, e quando nos lembrarmos do vandalismo em Brasília, dos extremistas de esquerda e de direita, do Brasil polarizado ou de Lula governando de dentro de uma bolha com medo da multidão, agradeçamos a Facchin e aos demais supremos. Eles devolveram à Lula sua elegibilidade, os plenos direitos políticos de um homem odiado e considerado patife por ao menos a metade da população brasileira. Eleito, governará sem legitimidade e protagonizará o caos. Se nulidades havia na condenação de Lula, deveriam ter sido declaradas lá atrás, no julgamento de seu Habeas Corpus. Oportunista, a devolução da plenitude política a um ex governante que polarizou o país instaura a anarquia. 

O dito pelo não dito:
“Ideias não precisam de armas, se elas podem convencer as grandes massas”. (Fidel Castro, político cubano).