No início deste mês, a cafeicultura de São Sebastião do Paraíso, Itamogi, São Tomás de Aquino e de outros quatro municípios mineiros foi incluída na Indicação Geográfica da Alta Mogiana, uma região conhecida por sua produção excepcional de cafés especiais. A certificação, concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), reconhece agora 23 cidades como integrantes do grupo, quando o assunto é café.
Além dos 16 municípios paulistas que já detinham o selo de origem, os sete municípios mineiros circunvizinhos agora também fazem parte lista. A Alta Mogiana Specialty Coffees (AMSC) celebra essa expansão. “As cidades de Minas sempre fizeram parte da nossa prioridade e desde que pleiteamos a inclusão desses municípios, já temos feito várias ações regionais que atraem produtores da região”, afirmou Edgard Bressani, presidente da AMSC.
Bruno Maciel, engenheiro agrônomo e consultor em cafeicultura, comenta que a certificação traz mais visibilidade no café e, consequentemente, a agregar valor na sua comercialização. Para ele, há ganho para toda a cadeia, pois também atrai o mercado estrangeiro. “Quando você tem um fortalecimento desses, os compradores estrangeiros passam a olhar para a região com outros olhos. Por exemplo, se saí um café especial dentro de São Sebastião do Paraíso, acaba que eleva os outros cafés da denominação de origem como um todo, fazendo com que a região toda cresça lá fora. Isso traz compradores de fora, melhora os preços e faz com que os produtores se comuniquem mais entre eles e busquem conhecimento para aumentar a qualidade do produto”, explica.
O agrônomo comenta que algo semelhante ocorreu no norte do Estado, onde ele também realiza trabalhos de consultoria. “O pessoal da cidade de Capelinha tem vivenciado isso há algum tempo e é muito positivo. Eles se identificam mais e trocam conhecimento e experiência. Também tem o fato de o Sebrae se envolver mais e realizado ações de treinamento. Tudo isso agrega bastante”, completa Maciel.
A presidente da Associação Mundo Mulher Café, Tâmara Isa da Silva, empreendedora, pós graduada em Gestão de Projetos, especialista em auditoria e certificações, em práticas ambientais, sociais, governança e formada em Tecnologia em Cafeicultura, também comemora o reconhecimento das lavouras de Paraíso e das cidades mineiras vizinhas na indicação geográfica da Alta Mogiana e demonstra estar otimista para o futuro. “Se trata de uma conquista importante e muito valiosa para a cafeicultura paraisense, para os produtores e produtoras, que gera pertencimento. E para a cadeia como um todo, ser parte de uma região, de uma indicação geográfica nos garante rastreabilidade de produtos. Deixo minha mensagem de otimismo e que celebremos as conquistas com muito entusiasmo”, destaca.
Na Alta Mogiana são atualmente cerca de 5 mil cafeicultores cultivando uma área de aproximadamente 120 mil hectares e produzindo anualmente 4,5 milhões de sacas de café. Localizada na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, a Alta Mogiana tem cafezais cultivados em altitudes privilegiadas que, aliadas à aplicação de tecnologia de pós-colheita, enriquecem o sabor e o aroma do café.
Agora, integram a Região da Alta Mogiana como produtoras de cafés de qualidade, as cidades de: Altinópolis, Batatais, Buritizal, Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Cristais Paulista, Franca, Itirapuã, Jeriquara, Nuporanga, Patrocínio Paulista, Pedregulho, Restinga, Ribeirão Corrente, Santo Antônio da Alegria, São José da Bela Vista, no Estado de São Paulo, e Capetinga, Cássia, Claraval, Ibiraci, Itamogi, São Sebastião do Paraíso e São Tomás de Aquino, em Minas Gerais.