Fernando Alonso caminha para ser o homem que dará a primeira vitória para a Aston Martin na F1. É um risco escrever isso, mas é também uma aposta do colunista. Aos 42 anos, Alonso renovou seu contrato plurianual com a equipe inglesa na semana passada. No começo da temporada o espanhol disse que esperaria as quatro ou cinco primeiras corridas do ano para tomar uma decisão a respeito de seu futuro, se pararia ou não ao término deste campeonato.
Conhecendo um pouco do espírito aguerrido do espanhol, já era esperado sua permanência. E motivos não faltam. Alonso passou a ser opção interessante no mercado de pilotos depois que a Ferrari anunciou a contratação de Lewis Hamilton para 2025. Não iria faltar vaga para o espanhol bicampeão Mundial de 2005 e 2006. Mercedes e Red Bull estavam no seu radar dependendo da posição de Max Verstappen, mas o próprio Alonso percebeu que as conversas estavam mornas demais para esperar e correr o risco de ficar sem sua vaga na Aston Martin, principalmente com Carlos Sainz livre, leve e solto à procura de um bom emprego para o ano que vem.
A Aston Martin será um bom lugar para estar em 2026 quando entrar em vigor o novo regulamento da F1. Dinheiro não falta na organização comandada pelo bilionário Lawrence Stroll que tem por trás o forte apoio financeiro da petroleira saudita Aramco, e contará com a exclusividade dos motores Honda a partir de 2026. A montadora japonesa está construindo uma moderna base próxima à fábrica da Aston Martin para a nova parceria.
E essas são as cartas que Stroll (pai) coloca na mesa para tentar atrair ninguém menos que o campeoníssimo projetista da Red Bull, Adrian Newey, para comandar o projeto do carro de 2026.
Alonso não iria perder essa boca, ainda que no passado tenha maculado a imagem da Honda chamando seus motores de “motor de GP2” numa alusão à categoria de base que antecedeu à F2, numa época conturbada na McLaren entre 2015 e 2017. O espanhol está em plena forma física. Em fevereiro disse que nunca esteve tão bem preparado física e mentalmente, principalmente depois que adotou o vegetarianismo como dieta para prolongar a carreira.
É verdade que a Aston Martin deu um passo atrás nesta temporada com o modelo AMR24. Nessa mesma época no ano passado, a equipe era a segunda força da F1 e acreditava vencer em pistas de baixa velocidade como Mônaco, o que não aconteceu e ainda despencou pela tabela terminando o campeonato de Construtores na 5ª posição com 280 pontos.
A renovação de Alonso acende um sinal de alerta para o brasileiro Felipe Drugovich, que agora mais do que nunca precisa se mexer para conseguir uma vaga de titular para o próximo ano no concorrido mercado de pilotos.
Campeão da F2 em 2022, as chances de Drugovich minguaram na Aston Martin onde é piloto reserva e esperava por uma oportunidade caso Alonso tomasse outro rumo, já que a outra vaga pertence ao mediano Lance Stroll, filho do dono da equipe, que na minha leitura não merece estar no grid da F1, mas é por causa dele que o pai investiu boa parte de sua fortuna para que o filho pudesse ser piloto de F1.
Com a renovação de Alonso, cai para 12 os pilotos que terão que negociar seus contratos para o próximo ano e se eu fosse Drugovich, mandaria um alô Andrea Seidl, CEO da Sauber, que será oficialmente equipe Audi a partir de 2026. Seidl já sinalizou que deverá substituir a dupla da equipe suíça, Valtteri Bottas e Guanyu Zhou no ano que vem. Sainz é um nome bastante cotado por lá, e Drugovich pode ser uma opção interessante para a equipe.
Enquanto isso, a F1 está de volta à China depois de 5 anos fora do calendário por conta da Covid-19. Muita coisa mudou na F1 desde a última vez em que correu no Circuito de Xangai, a começar pelo novo conceito de carros com efeito-solo e pneus com aro 18 polegadas. Naquela época, Lewis Hamilton era apenas pentacampeão e Max Verstappen somava apenas 5 vitórias. Hoje ele é tricampeão e vai em busca da 58ª vitória na corrida que terá largada às 4h da madrugada deste domingo.