Eliana Mumic Ferreira
Árvore amiga de ramagens verdes e lindas flores balançando ao vento que me acolhiam, qual um ombro amigo, em horas de conflito e sofrimento.
Lembro-me, ainda, era uma criança e, à tua sombra, fiz o meu divã, onde ganhava o beijo da esperança e o abraço do céu toda manhã.
De coração aflito, muitas vezes, compartilhei contigo meus segredos, as dúvidas do amor e seus mistérios, desejos que eu sentia e tinha medo.
Árvore amiga da qual senti ciúmes por serem teus os pássaros e os ninhos tinhas, do amor, as flores e perfumes e eu, do amor, somente os seus espinhos.
Crescemos juntas até que, solitária, te surpreendi em dia de verão: no tronco nu, os ramos decepados, aves sem ninhos e os ninhos pelo chão.
Árvore amiga e ainda tão querida hoje sonhei e em meu sonho vi brotando ramos, florescendo a vida, no velho tronco que restou de ti.
Eliana Mumic Ferreira, Membro Efetivo da Academia Paraisense de Cultura (APC)