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Drugovich: um grande talento na reserva

Campeão de 2022 da F2 se mantém fiel à Aston Martin e assina pela terceira temporada como piloto reserva à espera de uma vaga como titular
Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 18-01-2025 03:59 | 92
Felipe Drugovich segue como piloto reserva da Aston Martin
Felipe Drugovich segue como piloto reserva da Aston Martin Foto: Aston Martin/ Divulgação

Desde o final do ano passado é sabido que o Brasil voltará a ter um piloto na F1 nesta temporada depois de 8 anos. Gabriel Bortoleto, de 20 anos, será piloto da Sauber e terá o alemão Nico Hulkenberg como companheiro de equipe. Bortoleto cumpriu à risca seu planejamento de chegar à F1 antes mesmo do esperado. Campeão da F3 em 2023 e da F2 em 2024, o jovem ‘osasquense’ é agenciado pela A14 Management, empresa de Fernando Alonso e é apontado como um dos pilotos promissores desta nova geração. A Sauber foi a última colocada na temporada passada e vive um período de transição com a Audi prestes a assumir a organização como equipe de fábrica a partir de 2026.

Mas no banco de reservas da F1 há um outro brasileiro tão talentoso quanto Bortoleto e a espera por uma vaga de titular que insiste em não aparecer para Felipe Drugovich que acaba de renovar contrato para mais uma temporada como piloto reserva e de testes da Aston Martin.

"Drugo", como é chamado por muitos, foi campeão da F2 em 2022 quando foi recrutado pela equipe inglesa e se manteve fiel a ela, à espera de assumir uma das vagas de titular e é exatamente aí que está o entrave. Uma dessas vagas é do filho do dono da equipe, Lance Stroll, que só está na F1 por influência do pai, Lawrence Stroll, um bilionário canadense que injetou um caminhão de dinheiro na montadora inglesa e montou a própria equipe como parte de seus planos de tentar dar o melhor ao filho que na pista não tem justificado todo o investimento.

No GP de São Paulo, Stroll cometeu um erro bizarro ao rodar na volta de apresentação e ficou atolado quando tentou voltar pela brita, sendo vaiado por uma multidão de torcedores nas arquibancadas de Interlagos que gritavam o nome do brasileiro.

O outro piloto da Aston Martin é ninguém menos que Fernando Alonso que em abril jogou um balde de água fria nas pretensões de Drugovich quando renovou seu contrato até o final de 2026. Aos 42 anos, Alonso está em plena forma física e animado com os investimentos que estão sendo feitos na equipe, entre eles a chegada da Honda como fornecedora de motor, e do projetista Adrian Newey, contratado no segundo semestre de 2025 junto à Red Bull.

Drugovich parece ter entrado em um beco sem saída. Ele fechou portas na Fórmula E e na Indy, talvez apostando em uma aposentadoria de Alonso que não aconteceu. Sua reputação é alta no paddock da F1. Ele já participou de várias sessões oficiais de treinos livres às sextas-feiras de Grande Prêmio, treinos de pré e pós temporada, e seu feedback é muito respeitado pelos engenheiros da equipe. Mas ainda não teve a chance de correr.

A Aston Martin promoveu várias mudanças em seu staff nesta semana como preparação para a chegada de Adrian Newey a partir de março.

Dinheiro não falta na Aston Martin, e em 2026 a F1 terá um novo regulamento em que todos os projetistas começarão seus trabalhos a partir de uma página em branco de computador. É aí que a genialidade de Newey pode fazer a diferença e a Aston Martin dar um salto na F1. Ano passado a equipe terminou o campeonato em 5º lugar com 94 pontos, 70 deles conquistados por Alonso. Porém, as chances de Felipe Drugovich ficam atreladas a uma improvável aposentadoria do espanhol, ou à desistência de Lance Stroll que chegou-se a comentar na indústria da boataria que não estava feliz na F1, mas enfrenta a resistência do pai sob o desejo de tê-lo na equipe para o qual foi montada.

Em um ano de grandes mudanças na formação das equipes - apenas McLaren e Aston Martin mantiveram as mesmas duplas de pilotos do ano passado - e com a chegada de 5 novatos, é uma pena que Drugovich não esteja nesse meio.

Em sua terceira temporada como piloto reserva, eu fico na torcida para que o bonde não esteja passando para esse promissor piloto sem que tenha a chance mostrar o seu valor na F1.