POLEPOSITION

Rubinho cinquentão

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 22-05-2022 10:11 | 963
Rubens Barrichello completa 50 anos em plena  forma e não pensa em pendurar o capacete
Rubens Barrichello completa 50 anos em plena forma e não pensa em pendurar o capacete Foto: Divulgação

Numa tarde do outono de 1995, eu havia chegado do trabalho quando o telefone tocou. E para o meu espanto era ‘seu’ Rubens Barrichello, o ‘Rubão’, pai do Rubinho, me agradecendo pela carta com palavras de incentivo que eu havia enviado ao seu filho que não vivia um bom momento na F1. Fiquei sem palavras, pensei fosse trote, mas era o próprio(!), e a admiração que eu tinha pelo Rubinho ficou ainda maior com a gentileza do Rubão.

Antes de prosseguir, um parêntese: (A F1 está na Espanha para a sexta etapa do Mundial que tem Charles Leclerc na liderança que já foi bem mais folgada e agora está bastante ameaçada por Max Verstappen, 19 pontos atrás, e que dependendo do resultado da corrida de amanhã, pode até assumir o primeiro lugar no campeonato).

Mas o tema da coluna de hoje é mais importante do que falar do GP da Espanha: Rubens Barrichello completa 50 anos na próxima segunda-feira.

Até aí seria uma comemoração como qualquer outra, não fosse a sua importância na história do automobilismo brasileiro. Rubinho continua em plena forma, competitivo, e não dá sinais de que vai pendurar o capacete tão cedo. Domingo passado ele obteve dois pódios na rodada dupla da Stock Car, no Velo Città, no interior de São Paulo. Em março obteve resultados ainda mais expressivos com duas vitórias seguidas em Goiânia.

E o que mais impressiona é a emoção que ele transborda a cada conquista mesmo calejado por tantos anos nas pistas. E quando algo não dá certo, ele prefere agradecer a se lamentar. Rubens venceu um sério problema de saúde no início de 2018 que o fez enxergar a vida de outra forma, mas sem perder a gana pela vitória e o amor pelo que faz.

Rubinho começou a carreira no kart no início dos anos 1980, foi campeão da F-Opel europeia, campeão da então prestigiada F3 inglesa. Foi o último dos grandes acertadores de carros da F1, da época em que a sensibilidade do piloto muitas vezes valia mais que a telemetria.   

E eu fui um dos que apostaram desde o início que Barrichello seria campeão da F1. Mas o curso mudou. Ayrton Senna a quem até hoje ele chama de “Chefe” e que teria sido uma espécie de mentor, morreu quando Barrichello estava em seu segundo ano na categoria. E Rubinho por sua vez abraçou a responsabilidade de substituir o Chefe, uma missão inglória para quem estava apenas começando a carreira.

Mas também não faltou coragem para encarar o desafio de ser companheiro de Schumacher na Ferrari. Foi uma época complicada, de glórias como a histórica primeira vitória em Hockenheim, a frustrações como a marmelada de Zeltweg/2002, quando teve que entregar a vitória para Schumacher na linha de chegada. 

O título na F1 não veio, o que também não diminuiu o seu valor. Rubinho construiu um currículo invejável na F1: 11 vitórias, 14 pole position, 17 voltas mais rápidas, 68 pódios, 854 voltas na liderança, duas vezes vice-campeão, e 323 GPs, uma das carreiras mais longevas que foi de 1993 a 2011.

Depois da F1, Rubinho fez uma breve passagem pela F-Indy e mergulhou de cabeça na Stock Car onde está há 10 anos. Já ganhou 18 corridas, foi campeão de 2004 e é o 3º colocado nesta temporada. E não bastasse a paixão pelo que faz, Barrichello vive outras fortes emoções acompanhando a carreira dos dois filhos: ‘Dudu’, o mais velho já competindo na Europa, e ‘Fefo’, o mais novo, que no final de semana passado estreou com pódio na F4 Brasileira.

Esta coluna presta homenagem ao incansável e agora cinquentão, Rubens Barrichello, merecedor de todos os aplausos, respeito e reconhecimento por sua importância na história do automobilismo brasileiro. Parabéns, Rubinho!