Walkiria Silva Ribeiro é uma profissional que se destaca por seu cuidado, atenção e comprometimento tendo exercido diversas atividades antes de se encontrar como técnica em enfermagem. Também artesã, a filha de Joaquim Ribeiro dos Reis – o conhecido Reis da Guardinha e Hansclevina Maria Ribeiro, nutre um carinho todo especial pelo distrito de Guardinha, lugar onde passou bons anos de sua vida. Carinho que também guarda pela avó que a ajudou a criar, a saudosa Dona Rita Maria Monteiro. Aos 49 anos, muito bem casada com Vanderlei e mãe de Stanley e Stefany, Walkiria se sente uma mulher feliz e realizada, pois fazer o bem é sua missão de vida.
Walkiria, nos conte sobre suas origens. Algum fato especial marcou sua infância?
Minhas origens são bem simples. Nasci em Passos e morei um bom tempo da minha vida no distrito de Guardinha, lugar que eu amo, adoro de paixão! Então me casei, mudei para São Sebastião do Paraíso e permaneci aqui por um bom tempo, até me divorciar. Depois me casei novamente, mudei para Piumhi, morei lá por um tempo e retornei a Paraíso. Um fato muito marcante na minha infância foi a ausência da minha mãe biológica. No começo eu não entendia, mas ela foi muito bem substituída pela minha avó materna, Rita Maria Monteiro. A amo de paixão! Ela me criou e ensinou todos os princípios de ética e moral que eu tenho até hoje. Ela foi muito boa, caridosa. O pessoal da Guardinha se recorda com muito carinho dela. Com seus próprios recursos arranjou internação pra quem precisava, ajudava andarilhos, pessoas que tinham menos que ela... Ela fazia todas as festas de Congada, fez também uma igrejinha dos Três Reis Santos. Fica aqui minha homenagem e eterna gratidão à vovó Rita!
Seu pai é muito conhecido, especialmente no distrito da Guardinha, se enveredando pela política e quase se elegendo vereador. Você acompanhou essa fase?
Sim, meu pai, mais conhecido como Reis da Guardinha, morou a vida inteira no distrito de Guardinha, lutando por aquela comunidade. Realmente ele foi candidato a vereador alcançando uma margem de votos muito alta. Mesmo assim, com expressiva votação, a legenda do partido dele necessitava uma grande quantidade de votos. Naquela época para se ter uma ideia ele teve mais de 500 votos e foram eleitos vereadores com 250, 300 votos e ele não conseguiu se eleger. Mas eu sempre estive ao lado dele. Acompanhei, trabalhei pedindo votos, porque sempre acreditei na capacidade e no potencial do meu pai. Então, honesto como é, já foi síndico no condomínio Campo Alegre e lá pôde mostrar por dois mandatos àquela comunidade também, a eficiência e honestidade do seus atos, deixando realizações que o condomínio ainda não tinha. Ele foi, fez e mostrou a capacidade de servir ao próximo.
Quais trabalhos você exerceu antes de ingressar na enfermagem?
Antes de me ingressar na enfermagem eu trabalhei em todos os trabalhos possíveis! Fui secretária de jornal, recepcionista de hotel, atendente de padaria, auxiliar do lar, fazia faxina nas casas das pessoas, fui vendedora de loja... Costumo dizer que minha carteira tem dezenas de registros, passei por um pouquinho de tudo e me orgulho muito disso!
E como foi a fase de estudos e a mudança de profissão?
Morava em Guardinha e cursava o técnico em Contabilidade em São Sebastião do Paraíso. Após terminar o técnico, casei-me pela primeira vez e vivia uma vida meio tumultuada largando um pouco dos estudos. Depois retornei aos estudos e ingressei na faculdade de Direito. Porém estava no segundo período quase indo para o terceiro quando a minha querida mãezinha/vó materna ficou doente. Eu sabendo da necessidade de um profissional de saúde e do amor que eu tenho por ela, ingressei no curso técnico em enfermagem. Fiz com o maior carinho e amor para, naquele momento, cuidar única e exclusivamente dela.
Qual a melhor parte e as maiores dificuldades na sua atividade profissional?
A melhor parte na minha profissão é saber que estamos servindo ao próximo, fazendo aquilo com amor, como se fosse uma pessoa da família da gente. Então, eu pelo menos, faço com o maior amor do mundo, como se eu estivesse cuidando da minha avozinha, ou de qualquer parente com muito carinho, responsabilidade e amor. Uma das maiores dificuldades nessa profissão é, amando o próximo, vê-lo em estado terminal. A medicina e os médicos tentam fazer tudo para salvá-lo e você presencia o ser humano morrer por aquela doença... Essa é a maior dificuldade que eu acho que cada profissional passa, pelo menos a minha é.
Paralelo à enfermagem você desenvolve um trabalho de artes manuais. Como surgiu essa atividade? Tem muito prazer em executá-la?
Sim, exerço a tapeçaria. Fabrico tapetes, serviços manuais em crochê e tricô. Sempre gostei de trabalhos manuais! Desde quando era novinha, 14, 15 anos, eu já fazia e procurava sempre querer saber e fazer mais e mais coisas. Me lancei nessa carreira de tapeçaria também porque me vi na necessidade, haja vista que nossos salários encontram-se um pouco defasados. Não somos muito bem remunerados, então fiz uma opção paralela para complementar o salário. Como eu já amava fazer trabalhos manuais, gostei de fazer os tapetes, procurei dar qualidade a eles e faço até hoje. Estou nessa área já há 10 anos. Faço com o maior amor e carinho e quem compra nunca esquece! (risos)
Como foi encarar a pandemia estando na linha de frente? Presenciou muitas histórias de superação?
O período da pandemia nos trouxe reflexão sobre o mundo. Os técnicos de enfermagem já se superam há muito tempo, dentro de um hospital. Mas a pandemia, além dessa reflexão, veio para levar muita gente. Levou pai, levou mãe, irmãos, filhos, todos num único ciclo. A maior dificuldade nesse período foi ver os colegas chorando cada morte. A cada partida, no olho de cada um deles, se via que eles estavam ali para salvar, eles queriam, se dedicavam, estávamos ali pra isso, mas infelizmente a doença era tão grave que levava a pessoa sem que nada pudesse ser feito. Com todos os recursos que tínhamos, muitas vezes não adiantava, perderam-se muitas vidas...
Os profissionais da saúde muitas vezes não têm seu valor reconhecido tendo que dobrar seu turno ou acumular atividades. Você se sente realizada na profissão?
Sim, me sinto realizada na profissão. Faço com muito amor e carinho! Tenho o maior prazer do mundo em ajudar, em cuidar do próximo, do doente no seu leito, do recém-nascido e até após a morte também, cuidar do seu estado final... Então quando se ama a profissão, quando se faz por amor e carinho, a gente se enquadra dentro do conceito. Sabemos que o salário é pouco, mas isso não compromete porque a gente faz com amor.
Você é uma profissional muito dedicada e atenta. Como ser eficiente sem ultrapassar o limite do médico ou da equipe?
Dedicação, atenção e precisão. Essas são normas evidenciais e imprescindíveis na nossa profissão como técnico de enfermagem. Então quando a gente tem uma equipe com uma boa enfermeira do setor e também a enfermeira coordenadora do setor, isso nos traz uma segurança muito grande. Quando se trabalha em uma boa equipe as coisas caminham bem. Passamos a maior parte do tempo junto ao paciente. Então a gente leva tudo até a enfermeira e esta leva para a coordenadora. Todos tentam resolver da melhor forma para o paciente. Isso é gratidão mútua! Trabalhar assim não tem preço porque aí o plantão anda, o doente sai satisfeito e as coisas dão certo. Quando se trabalha com união, tudo flui, energias positivas se acumulam e tudo dá certo!
O que costuma fazer nas horas de folga? Tem algum hobby?
Nas horas vagas eu procuro cuidar da minha casa, do meu marido, que eu amo muito e me proporciona uma felicidade imensa e dos meus filhos. O Stanley meu filho já é casado e minha filha Stefany é adolescente. Então meu hobby é viver para minha família. Sou uma mulher muito amorosa e carinhosa, de modo que meus pensamentos e os meus afazeres são para eles. Também gosto de sair para passear!
Você é uma mulher de fé?
Sim, sou uma mulher de muita fé! Sou muito temente a minha Nossa Senhora Aparecida. O que eu peço para ela sempre alcanço. Ela é minha mãe, minha rainha, está do meu lado cuidando da minha vida e de todos que me cercam. Tenho um amor incondicional pela Padroeira do nosso Brasil!
O que diria para uma criança ou jovem que sonha em seguir carreira na enfermagem?
Primeiro eu diria a esse jovem que gostaria de seguir na enfermagem para que comece. Faça o curso técnico de enfermagem, vá passando os degraus, depois faça a enfermagem e seguem as outras etapas. Para ser um bom enfermeiro ou um bom profissional de saúde, precisa gostar, precisa amar! Não tem que fazer por dinheiro ou por status. Você tem que amar o ser humano, amar o seu próximo. Só assim você será um profissional de caráter e competência. Honesto e eficaz naquilo que você faz!
Walkiria, qual seu maior sonho?
Sonho ver meus filhos bem e realizados. Gostaria de ver minha filha se formar. E quero dar a eles todo o carinho do mundo que uma mãe possa passar para seu filhos! E também sonho que o ser humano tenha mais amor e paz entre si, que todos vivam bem e tenham a consciência que só teremos uma mente livre de atropelos a partir do momento que dermos amor e recebermos amor.