Procura por peixes na Semana Santa é alta em Paraíso
Empresário afirma que deve vender cinco toneladas de peixes até o domingo de Páscoa. Preços são os mesmos do ano passado
Por: Ralph Diniz | Categoria: Comércio | 05-04-2023 09:52 | 1624
A Semana Santa no Brasil é um período em que a tradição e a fé ganham destaque, principalmente no que diz respeito aos hábitos alimentares de boa parte da população. Isso porque católicos evitam comer carne vermelha na Sexta-Feira da Paixão, aumentando a procura por pescados em geral, principalmente peixes.
E em São Sebastião do Paraíso não poderia ser diferente, uma vez que o catolicismo está enraizado na cultura do povo. Por isso, desde o início desta semana, o comércio local de peixes tem aumentado de forma significativa, como afirma o empresário Rubens Marques Martins, que espera vender cinco toneladas de pescados durante os dias que antecedem a Páscoa, cerca de 20% a mais do que em 2022. Para se ter ideia do quanto a procura aumenta, ele faz um comparativo. “Normalmente, trabalhando duas vezes por semana, eu costumo vencer cerca de 150 quilos de peixes”.
Para dar conta da demanda, o vendedor declara que tem preparado e congelado filés de tilápia (o carro-chefe da empresa) há duas semanas. “As vendas aumentam muito nessa época e eu só consigo atender a clientela se preparar os peixes bem antes. Ainda assim, na quinta e na sexta-feira, eu preciso da ajuda de seis pessoas aqui na barraca”, diz Rubens.
E nem mesmo a instabilidade econômica vivida pelo País no último trimestre tem sido capaz de afastar os consumidores. A cuidadora de idosos Ana Lúcia do Amaral declara que o peixe é prato obrigatório na mesa de sua família durante todo o final de semana da Páscoa. “A gente não compra o bacalhau por causa do preço muito alto, mas não deixamos a nossa fé de lado por causa da economia. Na nossa Semana Santa sempre tem uma tilápia ou um mandi no cardápio. Fazemos a nossa oração, agradecemos a Jesus pelo sacrifício e comemos o nosso peixinho”, relata a fiel enquanto faz suas compras.
E além da tradição e da fé, outro fator que tem feito com que a procura por peixes nesta Semana Santa seja ainda maior é a manutenção do preço dos pescados. Segundo o vendedor, o valor do quilo do filé de tilápia, por exemplo, não sofreu aumento. “Estamos vendendo o produto a R$ 48 o quilo, igual ao ano passado. Tive notícias de que em Passos estão cobrando R$65”.
Apesar da proximidade da Sexta-Feira da Paixão, Rubens Marques conta que boa parte dos clientes deixa para comprar seus peixes de última hora. Desse modo, ele e sua equipe planejam trabalhar no feriado. “Muita gente vem na quinta-feira ou até mesmo na sexta-feira, pela manhã. Também tem aqueles que vêm no sábado para preparar o almoço de domingo. Esses dias costumam ser bem mais movimentados”, conclui o empresário.
A abstinência de carne durante a Semana Santa é uma prática religiosa observada por católicos como um sinal de penitência, reflexão e respeito pela morte de Cristo. Na época de Jesus, a carne era artigo de luxo, algo raro de se ver na mesa dos mais pobres. Já o peixe, além de ser símbolo na tradição cristã, era mais barato e abundante, ou seja, mais comum nas refeições das pessoas.