11 SUSPEITOS E 75 VEÍCULOS

Polícia Civil desmantela esquema de lavagem de dinheiro em Paraíso: 11 suspeitos presos e 75 veículos de luxo apreendidos

Polícia Civil cumpre mandados de prisões e apreende veículos e armas em Paraíso e região
Por: Ralph Diniz | Categoria: Polícia | 21-09-2024 02:55 | 2140
Material apreendido em um rancho no município de São José da Barra.
Material apreendido em um rancho no município de São José da Barra. Foto: Divulgação

A Polícia Civil de Minas Gerais deflagrou na manhã desta quinta-feira, 19, a Operação Midas, uma ação de grande envergadura contra um esquema de lavagem de dinheiro e organização criminosa em diversas cidades da região, principalmente em São Sebastião do Paraíso. A operação, que mobilizou mais de 150 policiais, incluindo apoio aéreo e o grupo especializado CORE, é o resultado de uma investigação que se estendeu por quatro anos.

O delegado Marcos Mendonça, chefe do 18º Departamento da Polícia Civil, com sede em Poços de Caldas, detalhou o alcance da operação: "Foram cumpridos 37 mandados de busca e apreensão em cinco cidades do Sul de Minas: São Sebastião do Paraíso, Passos, Guaxupé, Guaranésia e Piumhi. Apreendemos um total de 75 veículos, incluindo dois Porsches, um Audi, dois BMW, 28 caminhonetes e diversos veículos menores, incluindo motocicletas".

O delegado Rafael Gomes, da 4ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Paraíso, responsável pelas investigações, informou que foram cumpridos 11 mandados de prisão preventiva: "Nove prisões ocorreram em São Sebastião do Paraíso, uma em Piumhi e uma em Guaranésia. Os presos foram encaminhados aos presídios locais, exceto o detido em Piumhi, que foi levado para o presídio de Passos".

Além dos veículos, a operação resultou na apreensão de três armas de fogo, diversas joias e uma quantidade significativa de dinheiro em espécie e cheques, ainda em processo de contabilização. "Foram sequestrados pela Justiça 17 imóveis, entre casas e terrenos, e mais de 120 contas bancárias foram bloqueadas a pedido da Polícia Civil," acrescentou Gomes.

O esquema de lavagem de dinheiro, segundo as investigações, tinha conexões com Ribeirão Preto, no estado de São Paulo. "O grupo recebia aportes financeiros de origem suspeita, principalmente de um indivíduo já investigado por lavagem de dinheiro em Ribeirão Preto, que é apontado como o principal financiador da organização criminosa", explicou o responsável pelas investigações.

Um aspecto que chamou a atenção dos investigadores foi o uso de "laranjas" para registrar veículos de alto valor. "Um dos funcionários, que recebia salário próximo ao mínimo mais algumas comissões, tinha R$ 1,7 milhão em veículos registrados em seu nome. Outros também possuíam quantias exorbitantes, quase todos passando de meio milhão em veículos," relatou o delegado.

A investigação também revelou um esquema sofisticado de simulação de vendas de veículos. Gomes detalhou: "Eles anunciavam, principalmente em redes sociais, a venda de determinados veículos. Contudo, ao verificarmos, constatamos que esses carros nunca foram transferidos e muitas vezes permaneciam na garagem de outro integrante da organização criminosa".

Tiago Bordini, responsável pela Delegacia Regional de Paraíso, enfatizou o impacto da operação: "Foi um serviço de impacto muito positivo para toda a sociedade. Os autores ostentavam uma vida de luxo totalmente incompatível com as atividades que declaravam desempenhar".

As autoridades estimam que o grupo criminoso tenha movimentado cerca de R$ 80 milhões ao longo dos anos de atuação. A operação visa recuperar aproximadamente R$ 60 milhões em ativos.

Marcos Mendonça ressaltou que esta é apenas a primeira fase da operação: "Temos alvos em outros estados e agora entraremos em uma fase de análise minuciosa dos dados coletados." Ele também destacou a cooperação entre as instituições: "Todos os pleitos que a Polícia Civil encaminhou ao Poder Judiciário foram deferidos, o que demonstra a confiança recíproca entre o Judiciário, a Polícia Civil e o Ministério Público local".

Na tarde de quinta-feira (19), em continuidade às diligências da Operação "Midas", foi cumprido um mandado de busca e apreensão em um rancho no município de São José da Barra. No local, os policiais civis localizaram um fuzil calibre .556, duas pistolas (sendo uma .45 e outra no calibre 9 mm), além de um revólver calibre .357 e  grande quantidade de munições de calibres variados.

Chamou a atenção dos policiais, quatro caixas de munições no calibre .556. Todo o material foi apreendido. Além do armamento, uma lancha, um veículo e um jetski também foram apreendidos no local. Mais cedo, em outro endereço do mesmo alvo em São Sebastião do Paraíso, já haviam sido apreendidas outras armas.

Os veículos apreendidos foram encaminhados a um pátio credenciado pelo Detran-MG. Quanto às garagens que foram alvo de busca e apreensão, Bordini explicou que algumas tiveram todos os veículos apreendidos, enquanto outras apenas foram alvo de busca, podendo, a princípio, continuar funcionando.

Os policiais civis também ressaltaram que a investigação continua, com foco na identificação de possíveis ramificações do esquema em outros estados e na análise detalhada do material apreendido durante as buscas. As autoridades acreditam que esta operação terá reflexos não apenas no Sudoeste de Minas, mas também na região de Ribeirão Preto, demonstrando a amplitude e a complexidade do esquema desmantelado